Que futuro para a Fórmula 1?

    cab desportos motorizados

    A Fórmula 1 (F1) já não é o que era. Esta frase resume o pensamento de muita gente que gosta da categoria rainha do desporto motorizado, e o sentimento quase aumenta de dia para dia. Longe vão os tempos em que a F1 reunia os melhores pilotos, e mesmo alguns com carros próprios, e não aqueles com mais capacidade financeira, que, através de patrocinadores, compram o seu lugar nas equipas.

    A juntar a isto estamos a assistir a uma cada vez maior desertificação das provas europeias no seu calendário, provas estas que marcam a história da competição e que são as que mais gozo dão à grande maioria dos pilotos, precisamente por serem os lugares clássicos da competição.

    Este artigo está a ser escrito na sequência da saída do GP da Alemanha do calendário de 2015, uma das provas com mais história e tradição. A prova começou a contar para o mundial em 1951 – o mundial começou em 1950 – e desde esta data apenas três vezes não se realizou. Mas porque sai a prova do calendário? Porque, para haver a prova, a organização tinha de pagar 16 milhões de euros.

    A competição, que é gerida desde os anos 70 por Bernie Ecclestone, de 84 anos, tem vindo a mudar o seu espaço geográfico no que toca a provas, indo cada vez mais para os locais onde o petróleo impera e que querem promover os seus territórios, podendo pagar assim os elevados custos que Ecclestone exige para a assinatura do contrato de realização da prova.

    Mas sendo da Europa a grande maioria das equipas presentes – só a Force India não é -, e sendo os motores igualmente quase todos de construtores europeus – só os motores Honda da McLaren não são -, e ainda sendo 15 dos 20 pilotos do continente europeu, qual é a lógica da ida deste campeonato para estes mercados sem qualquer história na modalidade e que só estão neste calendário devido ao dinheiro que podem pagar em relação a outras economias?

    Por outro lado, também têm aparecido provas em mercados apetecíveis para as marcas por estarem em claro desenvolvimento, como o da Rússia, desde 2014, a Índia, de 2011 a 2013, a Coreia do Sul, de 2010 a 2013, ou mesmo a Turquia, entre 2005 e 2011. O interesse das marcas também é algo a ter em conta pois sem elas a competição não existe, é verdade, mas e sem adeptos?

    Fonte: Ryan Bayona
    Bernie Ecclestone é o atual presidente e CEO da Fórmula 1
    Fonte: Ryan Bayona

    A Alemanha, que, fora o que já escrevi em cima, é a grande potência económica da Europa, que tem neste momento a equipa mais forte da competição – Mercedes -, dois dos principais pilotos do campeonato – Rosberg e Vettel -, e tem em Michael Schumacher o recordista de quase tudo aquilo de que se pode ter um recorde na competição, não conseguiu manter a sua prova no calendário por motivos económicos. Começam a lançar-se sérias dúvidas sobre o futuro europeu desta competição.

    O próximo GP a sair do calendário parece ser Monza. Ecclestone exige 20 milhões/ano para a realização da prova no mítico circuito italiano, que recebe a prova desde 1950, ou seja, desde que existe mundial de F1. Este dinheiro exigido está a ser considerado excessivo por parte dos italianos, que, pagando os 12 milhões/ano do contrato em vigor até este ano, já sentem dificuldades em ser sustentáveis, principalmente nos anos maus da Ferrari.

    Mas a situação para a Europa não está para melhorar, pois em 2016 acabam os contratos das provas de Espanha e Bélgica, sendo especialmente a prova belga uma das históricas da competição no mítico circuito de Spa-Francorchamps. Se Monza depende da Ferrari, Espanha depende de Alonso e, como a época não parece vir a ser grande coisa para o espanhol na McLaren-Honda, as contas da prova de Barcelona vão dar resultados negativos novamente. Na Bélgica, espera-se que voltar a haver um holandês entre os pilotos do grande circo ajude na venda de bilhetes e assim conseguir não ter os números no vermelho.

    Os tempos que se seguem não parecem vir a ser fáceis para os lados europeus, principalmente enquanto Ecclestone tiver mais interesse em aumentar a sua fortuna do que em respeitar os adeptos europeus de F1. Assim, a competição vai morrendo no velho continente, como se pode ver quer pelo número de pessoas a assistir ao vivo nas provas (fora da Europa, quase todas as provas também registam cada vez menos gente), quer pelos que ficam em frente à televisão a ver.

    Foto de Capa: Ungry Young Man

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    Rodrigo Fernandes
    Rodrigo Fernandeshttp://www.bolanarede.pt
    O Rodrigo adora desporto desde que se lembra de ser gente. Do Futebol às modalidades ditas amadoras são poucos os desportos de que não gosta. Ele escreve principalmente sobre modalidades, por considerar que merecem ter mais voz. Os Jogos Olímpicos, por ele, eram todos os anos.                                                                                                                                                 O Rodrigo escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.