Relembrar SuperSic

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    O grande prémio deste fim de semana é por terras malaias. Um circuito com um passado recente trágico. É impossível falar desta pista sem nos lembrarmos de Marco Simoncelli. Essa força da natureza com um estilo de pilotagem único, agressivo e cheio de paixão, mas que muitas vezes era criticado pelos próprios colegas.

    Marco, o super Sic, tinha um sorriso contagiante fora da pista. Acabava a corrida sempre a sorrir, quer terminasse em primeiro ou em sexto. Era um piloto que animava os paddocks de cada grande prémio. Era alguém agressivo dentro de pista e muito amável e brincalhão fora dela. Talvez fosse esta sua maneira de ser “duas pessoas” totalmente diferentes que cativava multidões.

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    Toda a gente gostava do seu cabelo conjugado com o seu enorme sorriso
    Fonte: hooniverse.com

    Quem não se lembra do seu inglês tão carregado de um sotaque italiano, bem ao estilo de Valentino Rossi? Aliás, os dois italianos eram os melhores amigos. E juntos não deixavam ninguém sem uma gargalhada. Ou então, quem não se lembra do seu cabelo? Aquela pequena juba que não cabia no capacete e que era uma das suas maiores características. Dois detalhes de Marco que se tornaram na sua imagem de marca.

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    Ou então, do seu cabelo? Aquela pequena juba que não cabia no capacete e que era uma das suas maiores características
    Fonte: asphaltandrubber.com

    O Super Sic estava no seu primeiro ano da classe rainha e já nos brindava com corridas de cortar a respiração. Os aficionados das duas rodas lembrar-se-ão, tal como eu, daquele seu último ano na antiga classe de 250cc onde lutava com Álvaro Bautista pelo campeonato, da maneira como o italiano pilotava a sua moto.

    As ultrapassagens eram feitas no limite dos limites. Claro que nem sempre corria bem e era criticado por todos. Eu, inclusive. Mas a verdade é que aquele era o seu estilo. Único e tão cheio de adrenalina. E era isso que fazia vibrar os milhares de pessoas que estavam nas bancadas de cada grande prémio e daquelas que viam as corridas através de uma televisão.

    Todos os pilotos ambicionam chegar à elite do Mundial de Motociclismo e o italiano não era excepção. Conseguiu esse feito após a vitória no mundial de 250cc. A equipa que o acolheu era, também, italiana. Estava em “casa” o Super Sic.

    Na sua época de estreia, Marco lutou com os gigantes como se tivesse corrido com eles toda a vida. Dava tudo de si em cada corrida e era feliz a pilotar assim. Agressivo, apaixonado pela adrenalina. Para ele, cada curva era como se fosse o último segundo da sua vida. E chegou uma hora, cedo demais, em que essa curva foi, de facto, o último segundo da sua vida.

    O circuito malaio foi o último a ser brindado com a pilotagem do mágico italiano. Na corrida do dia 23 de Outubro de 2011, Marco Simoncelli perdeu a vida. Logo ali, no asfalto. À segunda volta, numa luta com o seu melhor amigo e também com Colin Edwards.

    O mundo das duas rodas parou. Durante horas, tudo parou. Todos estavam cabisbaixos. Todos sabiam o que se passava. Todos sentiam que ele tinha perdido a sua vida, ali, a fazer aquele que sempre o apaixonou e da maneira que sempre viveu: à mais alta velocidade.

    E como a vida é feita de ironias, SuperSic deixou a vida no circuito que três anos antes lhe tinha dado o primeiro título na categoria de 250cc.

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    Para ele, cada curva era como se fosse o último segundo da sua vida. E chegou uma hora, cedo demais, em que essa curva foi, de facto, o último segundo da sua vida.
    Fonte: mirror.co.uk

    Por isso, falar do grande prémio da Malásia é falar de Marco Simoncelli. Ainda que eu defenda de que um piloto como ele deva ser lembrado em cada curva, em todos os circuitos. A paixão que ele incutia na sua pilotagem, o seu sorriso e a sua alegria no paddock, nas conferências de imprensa com o seu inglês tão cómico… Tudo isso faz com que Motogp seja sinónimo de Marco Simoncelli. E cada um de nós, os apaixonados pelas duas rodas, jamais poderá esquecer este dia.

    Se a minha mãe viu Aryton Senna morrer em Monza e ainda hoje me consegue contar os detalhes deste trágico acidente da F1, eu assisti à morte de um piloto sem igual no mundo do motociclismo. Era um campeão. E deve ser lembrado assim. Com um sorriso no rosto, como ele sempre nos habituou.

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    O desporto está-lhe no sangue, o futebol e o mundo das duas rodas são as suas verdadeiras paixões.                                                                                                                                                 A Carolina escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.