Vitória de Magalhães… e de Fontes

    Sem o brilho de outros tempos, Bruno Magalhães venceu o Rali da Madeira de 2015. A edição 56 do mais emblemático rali de asfalto português já não tem a notoriedade de outros tempos; a crise assim ditou, e aquela por muitos considerada a melhor prova de asfalto da Europa agora conta para uma segunda competição europeia (ERT), que pouco ou nenhum interesse gera entre o público, pilotos e imprensa. A maior prova disto é a lista de inscritos. Nos dois anos em que contou para esta competição apenas um (1!) piloto estrangeiro (Robert Consani) apareceu na ilha e a “reboque” do seu colega de equipa Bruno Magalhães e, neste caso em específico, do madeirense Alexandre Camacho.

    Com uma aposta grande por parte de dois dos pilotos madeirenses mais em conta neste momento – falo, claro, do campeão regional de 2014, Miguel Nunes, que apesar de estar parado este ano alugou um Fiesta R5 à equipa de João Barros, e do já mencionado Alexandre Camacho, que alugou um DS3 R5 à Delta Rallye – Bruno Magalhães aparecia no Vinho Madeira como principal favorito e a tentar entrar no lote de recordistas de vencedores da prova, que antes do seu início contava com três pilotos (Américo Nunes, Giandomenico Basso e Andrea Aghini), o que conseguiu.

    Nas contas para o nacional apareciam a encabeçar a lista Ricardo Moura e José Pedro Fontes, mas com a forte companhia de Pedro Meireles e João Barros, numa prova que tinha tudo para ser decisiva nas contas do CNR devido aos 0,5 pontos dados ao vencedor de cada especial.

    A prova foi sempre emotiva e nunca existiu um líder muito destacado, sendo que a diferença entre primeiro e terceiro foi de apenas 7,1 segundos. Magalhães mostrou que conhece muito bem o terreno e mereceu a vitória por ser o mais consistente, sendo que Miguel Nunes mostrou que não é preciso muito tempo com um carro para se tirar muito rendimento do mesmo. Os 5,4 segundos de diferença entre os dois levam a pensar que se o madeirense não tivesse parado este ano e com um maior conhecimento do carro teria ganhado a prova. A fechar o pódio ficou José Pedro Fontes, que deu um passo de gigante ao ser primeiro do nacional e ao vencer 18 dos 19 troços, ganhando assim 34 pontos. Alexandre Camacho terminou em quarto mas chegou a liderar a prova, mas um furo impediu-o de lutar pela vitória.

    O nacional, como já escrevi, foi ganho por Fontes, e este deu um passo muito grande para o título, isto porque Ricardo Moura teve um forte acidente a duas especiais do fim, quando estava em terceiro, e saiu da Madeira apenas com 0,5 pontos, perdendo assim a liderança do CNR. Em segundo ficou João Barros, que mostrou uma boa velocidade na prova madeirense. Elias Barros foi um surpreendente terceiro classificado depois de Pedro Meireles e Carlos Martins também terem desistido.

    Assim ficou o carro de Ricardo Moura Fonte: Facebook da Antena 3 Madeira
    Assim ficou o carro de Ricardo Moura
    Fonte: Facebook da Antena 3 Madeira

    Focando agora nas contas gerais do CNR, é fácil perceber duas coisas: Moura é o melhor piloto do nacional em terra e José Pedro Fontes o melhor em asfalto. Apesar disso, ambos vão com três vitórias nas seis provas até agora disputadas. Moura ganhou as duas de terra e uma de asfalto, Fontes três em asfalto. Numa altura em que faltam duas provas, uma em terra e a outra ainda não se sabe em que superfície, Moura parte com alguma vantagem a nível de candidatura a estas provas, mas o certo é que Fontes vai com 16 pontos de vantagem e não vai ser fácil recuperá-los. Depois é ainda preciso ver os valores dos estragos do carro de Moura, pois pode condicionar o futuro do campeonato.

    Concluo falando novamente da situação do Rali Vinho da Madeira. Uma prova desta qualidade e com esta história merece mais do que o que é actualmente e, como tal, poderia ser feito um acordo entre os Açores e a Madeira para as suas provas irem rodando no ERC, como existe por exemplo entre Austrália e Nova Zelândia no WRC. Sei que tal acordo é quase impossível de acontecer mas, se não se tentar, então é que ele não acontece.

    Foto de capa: Facebook da Antena 3 Madeira

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    Rodrigo Fernandes
    Rodrigo Fernandeshttp://www.bolanarede.pt
    O Rodrigo adora desporto desde que se lembra de ser gente. Do Futebol às modalidades ditas amadoras são poucos os desportos de que não gosta. Ele escreve principalmente sobre modalidades, por considerar que merecem ter mais voz. Os Jogos Olímpicos, por ele, eram todos os anos.                                                                                                                                                 O Rodrigo escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.