A liberdade condicionada

    O arranque da pré-temporada de hóquei em patins em Portugal está cada vez mais próximo. Grande parte das equipas já tem os seus planteis totalmente ou quase definidos, assim como vão sendo conhecidos os jogos e torneios onde vão ser dadas as primeiras stickadas da época de 2018/2019. 

    Desde cedo, ainda no final da temporada anterior, que a próxima edição do Campeonato Nacional da modalidade levantou discussão no seio do mundo hoquistico português. Isto, porque a Federação de Patinagem de Portugal propôs aos clubes, no mês de maio, uma alteração ao modelo competitivo do mesmo. Sendo que as opções propostas foram as seguintes:

    1 – O campeonato voltava a ser discutido numa fase regular seguida de playoff’s;

    2 – O campeonato passava a ser composto por duas fases regulares. Uma para determinar os primeiros e os segundos sete classificados e uma segunda para decidir quem seria o campeão e quem desceria à divisão inferior. Tal como acontece no campeonato nacional de andebol.

    Inicialmente, foi reportado que, após um entendimento com os clubes, o campeonato passaria a ser disputado em duas fases regulares, tal como ocorre no andebol. No entanto, essa decisão viria a ser cancelada, em virtude da alta carga de jogos referentes ao campeonato que, assim, passariam de vinte e seis para quarenta e com várias dessas jornadas a serem jogadas a meio da semana. Contudo, apesar de ter caído o novo modelo competitivo, o fim sorteio condicionado, algo muito desejado por muitos, manteve-se. 

    Desta forma, no dia 31 de julho, na sede da Federação de Patinagem de Portugal, realizaram-se os vários sorteios dos campeonatos nacionais da 1ª divisão, 2ª divisão (zona norte e sul) e 3ª divisão (zona norte A e B; zona sul A e B).

    Os resultados dos mesmos não demoraram muito a serem tornados públicos e logo na primeira jornada do campeonato, que inicialmente estava marcado para dia 23, mas que acabou por ser antecipado para dia 13, era possível notar a ausência do sorteio condicionado, pois, no pavilhão João Rocha tem lugar um dérbi entre Sporting CP e SL Benfica. Todavia, quando se começa a observar com maior atenção o calendário é possível constatar que até à sétima jornada, os quatro candidatos ao título defrontam-se.

    Segundo o planeamento da FPP, as datas dos jogos entre os principais candidatos ao título são as seguintes:

    • 13 de outubro e 26 de janeiro: 1.ª/14.ª Jornada-Sporting CP vs SL Benfica
    • 27 de outubro e 9 de fevereiro: 3.ª/16.ª Jornada-UD Oliveirense vs SL Benfica
    • 3 de novembro e 20 de fevereiro: 4.ª/17.ª Jornada-SL Benfica vs FC Porto
    • 10 de novembro e 23 de fevereiro: 5.ª/18.ª Jornada-Sporting CP vs UD Oliveirense
    • 21 de novembro e 2 de março: 6.ª/19.ª Jornada-UD Oliveirense vs FC Porto 
    • 24 de novembro e 16 de março: 7.ª/20.ª Jornada-Sporting CP vs FC Porto
    O dérbi entre leões e águias é o principal encontro da jornada inaugural do campeonato
    Fonte: Carlos Silva Photography/Bola na Rede

    Assim, tendo em conta o calendário apresentado acima, quase não parece que o sorteio condicionado foi abolido e que mesmo apenas passou para a fase inicial do campeonato. Consoante o resultado do sorteio, tendo em conta que o campeonato termina no fim-de-semana de 25 e 26 de maio, a série de jogos mais importantes para a decisão do título, que colocam frente-a-frente os principais candidatos, termina no fim-de-semana de 16 e 17 de março, a seis jornadas do fim da competição. 

    Pessoalmente, considero que, sendo a favor do fim do sorteio condicionado, a bem do espetáculo e imprevisibilidade no campeonato, o sorteio deveria ter sido repetido. Isto, porque seria muito melhor que as partidas entre os principais candidatos ao título ficassem espalhadas ao longo das treze jornadas de cada volta e não apenas confinadas ás primeiras sete. Algo que pode dar origem a que uma equipa “apenas tenha de cumprir calendário” para se sagrar campeã nacional. Tal como poderia ter acontecido com o SL Benfica na fase final da temporada de 2017/2018, mas aí com apenas duas jornadas para se jogar para confirmar a conquista do título, que veio a ser alcançado pelo Sporting CP. Porém, é ainda importante relembrar que, excluindo os jogos entre eles, são poucas as partidas e os palcos onde os quatro candidatos ao ceptro nacional perdem pontos. Com o Municipal de Barcelos a ser o palco que mais pontos tem reclamado a Sporting CP, FC Porto SL Benfica e UD Oliveirense nos últimos anos.

    Por exemplo, utilizando o calendário do SL Benfica, se os encarnados conseguirem um bom desempenho neste minicampeonato, sendo a equipa que termina o mesmo mais cedo (20 de fevereiro), saindo na frente, será difícil que não seja campeão nacional. Tal como um arranque em falso poderá, quase, retirar as águias da luta pelo título muito cedo. Uso o exemplo do SL Benfica, mas afirmo o mesmo em relação ao Sporting CP, FC Porto e UD Oliveirense. 

    Desta maneira, reafirmo que, na minha opinião, o sorteio deveria ter sido repetido, pois, temo que este calendário possa retirar emoção e espetáculo à parte final, o que, por sua vez, pode resultar em pavilhões menos cheios e audiências televisivas mais baixas.

    Foto de Capa: Federação de Patinagem de Portugal

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    Diogo Nunes
    Diogo Nuneshttp://www.bolanarede.pt
    Adepto ferrenho do Benfica, o Diogo deixou de sofrer golos nos rinques de Hóquei em Patins, a sua modalidade de eleição, para passar a descrevê-los em artigos.                                                                                                                                                 O Diogo escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.