Um diamante para o futuro – Entrevista Tiago Fernandes

    BnR: Qual foi o momento mais especial vivido com a camisola dos Azuis de Belém? E dos Lobos?

    TF: Tive bastantes bons momentos ao longo destes anos de rugby, pel’Os belenenses recordo o jogo em que nos apurámos para a fase final do campeonato na época 2014-2015 no último minuto contra o CDUP, no Porto, num jogo que passava para as finais a equipa vencedora. Pela seleção, a minha melhor memória foi o ensaio contra a Austrália a contar para o circuito mundial, que foi, inclusivamente, eleito o ensaio do torneio de Wellington e foi bastante especial pois foi também o meu primeiro ensaio pela seleção de sevens.

    BnR: Rugby na variante de sevens ou de XV? E porquê?

    TF: Gosto de praticar as duas variantes, mas a variante de sevens atrai-me mais pela velocidade, exigência física e mental com que o jogo é praticado. A meu ver, é uma variante do rugby apaixonante, pois permite a qualquer seleção competir contra as melhores e ter capacidade para lhes ganhar, bem como é um jogo de fácil compreensão para quem vê. O facto de ser também, desde 2016, modalidade olímpica motiva-me pois tenho a ambição de ser atleta olímpico.

    A experiência vs a juventude Fonte: João Peleteiro
    A experiência vs a juventude
    Fonte: João Peleteiro

    BnR: Considera que a família tem um papel importante no desenvolvimento de um atleta de alta competição?

    TF: Na minha opinião a família é a base do sucesso no desporto. Esta tem um papel fundamental na motivação e encorajamento dos atletas através do seu apoio e disponibilidade em ajudar. Quanto a isto, posso dizer que sou um sortudo pois desde sempre tive o total apoio dos meus pais, tanto quando praticava futebol como agora no rugby, e posso dizer que não há um jogo meu que os meus pais falhem, quer este seja em Portugal ou no estrangeiro, sei que os meus pais estarão lá a ver ao vivo ou via streaming. A conjugação entre a vida de estudante e atleta não é fácil e exige bastantes sacrifícios, daí também a importância da transmissão de conhecimentos e de experiências dos pais ser bastante útil.

    BnR: O rugby é um desporto caracterizado por ter uma mentalidade diferente, no entanto têm existido algumas situações nos campeonatos nacionais que não se coadunam com esse ponto de vista. O fair-play ainda reina no rugby português?

    TF: Sim, claro que sim, o rugby em Portugal goza de uma mentalidade completamente diferente face a outros desportos e partilho isto com experiência própria, porque já pratiquei outro desporto com uma realidade completamente diferente. O rugby é um jogo de contacto físico permanente dentro de campo, mas fora de campo reina o respeito e amizade entre os atletas.
    Certamente ocorrem casos pontuais relacionados com a intensidade do jogo e que levam a alguns desentendimentos dentro de campo, isto ocorre em todos os desportos, o importante é que no rugby as rivalidades ficam dentro de campo e no final impera o respeito. Esta é para mim a principal característica que nos faz gostar deste desporto e pela qual as pessoas conseguem distinguir-nos.

    BnR: Quais são as suas maiores referências nacionais e internacionais dentro das quatro linhas?

    TF: Em Portugal, tenho como referências três grandes jogadores que jogam na minha posição, são eles o Adérito Esteves,  o Gonçalo Foro e o Duarte Moreira. Estes três caracterizaram e deram grande nível ao rugby português, tanto nacional como internacionalmente e ter o privilégio de poder jogar por Portugal, para além de me motivar permite-me aprender e melhorar cada vez mais. A nível internacional tenho como principais referências Sonny Bill Williams (Nova Zelândia) e Perry Baker (Estados Unidos), pois são, em primeiro lugar, grandes atletas e ao ter tido a sorte de jogar contra eles no circuito mundial consegui melhorar o meu jogo em vários aspetos. Em segundo lugar, são um exemplo de trabalho e dedicação, pois no caso de Perry Baker, este apenas tem três ou quatro anos de rugby e é um dos melhores na sua posição (relativamente a rugby de sevens).

    De tenra idade e com um percurso relativamente recente no rugby, Tiago Fernandes já conquistou o seu espaço no clube e nas selecções nacionais. No futuro, não esconde a ambição de ser campeão nacional e ajudar a colocar as selecções nacionais (de novo) na rota da glória.

    Foto de Capa: Tiago Fernandes

    Artigo revisto por: Francisca Carvalho

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    Ana Cristina Silvério
    Ana Cristina Silvériohttp://www.bolanarede.pt
    A Ana Cristina é uma apaixonada pelo mundo do desporto. Do futebol ao Rugby, passando pelo ténis e pelo surf, gosta de assistir a quase todo o tipo de desportos, mas confessa que lhe dá um prazer especial que os atletas enverguem um leão rampante na camisola.                                                                                                                                                 A Ana não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.