As miúdas mostraram como se faz

    Cabeçalho modalidadesFoi um US Open à imagem do circuito WTA. Mais uma vez, as Senhoras fizeram ver ao mundo que, no que toca à disputa de troféus entre si, tudo pode acontecer. O quadro principal que iniciou a prova em Flushing Meadows estava repleto de nomes galácticos como Karolina Pliskova, Garbiñe Muguruza, Simona Halep, Agnieszka Radwanska, Caroline Wozniacki e até a regressada Maria Sharapova – para o elenco ficar completo só faltou mesmo Serena Williams.

    O troféu, esse, acabou por não ir parar às mãos de nenhuma das “estrelas” referidas acima graças às brilhantes prestações de nomes mais ou menos conhecidos do público como são CoCo Vandeweghe, Madison Keys, Sloane Stephens ou Anastasija Sevastova nesta que foi certamente a edição favorita da maioria dos adeptos norte-americanos. Mas vamos por partes.

    Na primeira metade do quadro Karolina Pliskova, que surgia como destacada favorita, nunca conseguiu mostrar dentro de court o porquê de ser a líder do ranking mundial. Na verdade, a checa apresentou imensos altos e baixos nos seus encontros e fruto disso foi a não tão surpreendente derrota frente à jovem norte-americana CoCo Vandeweghe, nos quartos-de-final. CoCo, detentora de pancadas do fundo do court tensas e agressivas e de um serviço poderoso, jogou durante todo o torneio a um nível muito alto e eliminou de forma consecutiva Agnieszka Radwanska, Lucie Safarova e Karolina Pliskova, alcançando a meia-final do torneio: grande prestação da norte-americana que tem tudo para vir a ser uma das figuras principais do ténis no seu país.

    Nessa meia-final, CoCo encontrou a compatriota de 22 anos Madison Keys – apontada por muitos como a sucessora natural de Serena Williams. Keys conseguiu manter o seu nível de jogo ao longo das duas semanas e beneficiou de alguma sorte no sorteio, que a colocou no mesmo quarto da 6ª cabeça-de-série Angelique Kerber (que perdeu na 1ª ronda frente a Osaka). Ainda assim, seria injusto reduzir o sucesso da jovem de 22 anos a esse acaso, uma vez que se viu obrigada a derrotar Elina Svitolina e Elena Vesnina de forma consecutiva e também CoCo Vandeweghe (que bateu de forma esclarecedora, por 6-1 e 6-2).

    Na metade inferior, Venus Williams foi a única representante do top-10 que conseguiu atingir os quartos-de-final: depois de derrotar Halep na ronda inaugural, Sharapova cedeu na quarta ronda, o que sucedeu também com Garbiñe Muguruza. No entanto, a má participação das favoritas só veio trazer mais incerteza e espetacularidade à prova, permitindo que a jovem, há muito promissora, Sloane Stephens mandasse lesões e outro tipo de pressões para trás das costas e fosse ela mesma a estrela do US Open 2017. Sloane, que há cinco semanas estava na 957ª posição da hierarquia WTA, mostrou que os rankings muitas vezes são apenas números e, após derrotar a veterana Venus Williams na meia-final, viu-se a 2 sets de concretizar aquilo que nem nos seus melhores sonhos havia pensado.

    Fonte: US Open
    Fonte: US Open

    Na final encontraram-se duas guerreiras e duas melhores amigas ao mesmo tempo. Keys e Stephens partilham muito no circuito WTA, fruto de se conhecerem desde os primeiros anos no ténis americano, e ambas começaram o ano assombradas por lesões (Keys passou por 2 cirurgias no pulso esquerdo e Stephens sofreu uma fratura de stress no pé direito estando fora do circuito desde os Jogos Olímpicos 2016 e Wimbledon, 2017: 11 meses).

    O resultado pesado de 6-3 6-0 a favor de Sloane Stephens acabou por parecer irrelevante com as duas amigas a celebrarem o seu sucesso com um caloroso abraço junto à rede no final do encontro e até se sentaram lado a lado qual companheiras de pares enquanto esperavam a cerimónia de entrega dos prémios – um dos melhores momentos de um circuito muitas vezes atacado por falta de fair play. Depois desta vitória Sloane concretiza uma subida arrepiante de 940 postos na hierarquia mundial em apenas 6 semanas, figurando, na segunda-feira, como 17ª colocada. E já que falamos de superação, impossível não falar de Petra Kvitova. A ex-número 1 do mundo tem deixado o mundo do ténis perplexo depois de conseguir recuperar totalmente de um ataque à mão armada de que foi alvo em dezembro, que resultou na sua mão esquerda (ainda para mais a sua mão dominante) quase desfigurada. A checa conseguiu recuperar e hoje luta para voltar ao top-10, onde seguramente regressará numa questão de tempo.

    Foto de Capa: US Open

    Artigo revisto por: Beatriz Silva

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    Henrique Carrilho
    Henrique Carrilhohttp://www.bolanarede.pt
    Estudante de Economia em Aarhus, Dinamarca e apaixonado pelo desporto de competição, é fervoroso adepto da Académica de Coimbra mas foi a jogar ténis que teve mais sucesso enquanto jogador.                                                                                                                                                 O Henrique escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.