Chamem-lhe o que quiserem

    Falar deste tema sem falar de nomes como Pedro Sousa, no ténis, ou Fábio Paim, no futebol, é quase impossível. É neste tipo de exemplos que me baseio quando digo que no desporto não há sorte. Há oportunidades e muitas vezes o timing é fundamental para saber aproveitá-las, ou não. Aí sim, é requerido o talento.

    O talento de deixar a força de vontade ser maior que todas as outras e superar as adversidades. É inegável que estes jogadores, bem como os mais famosos Nick Kyrgios ou Bernard Tomic, têm condições para chegar bem mais longe do que aquilo que têm mostrado.

    Como alguém já disse um dia, todos aqueles jogadores que aparecem na televisão sabem servir, bater direitas e esquerdas. A diferença é (quase) na totalidade marcada a nível psicológico – por isso algumas vezes digo que o ténis é, depois do xadrez, uma das mais exigentes modalidades desportivas a nível mental. Jimmy Connors, antigo número um do ranking ATP e, atualmente, o atleta com maior número de títulos profissionais, disse um dia, já após largos anos de “reforma”, que aquilo de que mais tinha saudades era servir com match-point contra, no tie-break do quinto set de um torneio do Grand Slam.

    Fonte: Wall Street Journal
    Fonte: Wall Street Journal

    Aí, na capacidade de auto-controlo e resistência mental, reside tantas vezes a diferença entre Rafa, Federer, Djokovic, e todos os outros que, quando chega a hora de fechar o “encontro das suas vidas”, vêm o seu braço preso, e minutos depois vêem o encontro escapar-se-lhes por entre os dedos.

    Em todo o desporto existem casos destes. A bola que bate na tela e cai do outro lado (ou se recusa a isso mesmo), a bola que bate no poste e entra (ou sai). Sorte? Chamem-lhe o que quiserem, mas se assim é só tenho a dizer que a sorte dá muito trabalho.

     

    Foto de Capa: Zimbio

    Artigo revisto por: Francisca Carvalho

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    Henrique Carrilho
    Henrique Carrilhohttp://www.bolanarede.pt
    Estudante de Economia em Aarhus, Dinamarca e apaixonado pelo desporto de competição, é fervoroso adepto da Académica de Coimbra mas foi a jogar ténis que teve mais sucesso enquanto jogador.                                                                                                                                                 O Henrique escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.