É chegada a hora de, no circuito ATP, se voltarem as atenções para os torneios a disputar em pó de tijolo e, para os portugueses amantes da modalidade, a questão que impera sempre será: o que poderá fazer João Sousa? A questão ganha particular relevo se atendermos ao facto de o “Conquistador” ter conseguido recentemente, em solo norte-americano, regressar aos bons resultados.
João Sousa é o pior inimigo de si mesmo. Quando as coisas lhe correm mal o vimaranense fica frustrado, expressa essa mesma frustração e começa a travar uma luta interior que, não raras vezes, culmina em erros atrás erros com consequente repercussão nos resultados. Após um longo período no qual sempre pareceu incapaz de escapar desta espiral descendente, para alguns João Sousa era já dado como incapaz de regressar ao seu melhor nível. Porém, Indian Wells e Miami provaram que o “Conquistador” está vivo e que ainda pode dar muitas alegrias aos portugueses.
Quando as coisas começavam a correr melhor em piso rápido…é chegada a hora de começar a pisar terra batida, e se há conjugação que suscita sempre dúvidas é essa: João Sousa e terra batida. Três das finais de torneios ATP 250 alcançadas por João Sousa, em Bastad, Genebra e Umag, foram precisamente em pó de tijolo, mas estamos a falar do mesmo tenista que, no Estoril Open, há já vários anos tem tido prestações verdadeiramente desapontantes. Se por um lado o “fenómeno Estoril Open” pode ter outras variáveis influenciadoras dos resultados, como a pressão psicológica adicional que é colocada em João Sousa por “jogar em casa”, por outro lado é também evidente que os desempenhos do tenista português em terra batida não são sinónimo, seguramente, de consistência.
Apesar das dúvidas, seria muito pessimista pensar, neste momento, que João Sousa irá desapontar no pó de tijolo. Há menos de um mês o “Conquistador” tornou-se o primeiro tenista português a atingir os oitavos de final de um Masters 1000 em piso rápido e, como tal, a confiança está certamente em alta. Sabendo da influência que a componente emocional tem no jogo de João Sousa é seguro que este está hoje em muito melhores condições de ter bons resultados do que num passado recente.
A futurologia é, na melhor das hipóteses, uma pseudociência. Assim sendo, a sensatez diz-nos que nada é melhor do que esperar para ver e, quando falamos de João Sousa, essa torna-se (ainda mais) a melhor opção. Confiança no melhor tenista português de sempre todos temos; resta agora que também ele não se esqueça de confiar em si mesmo, já que esse é meio caminho andado para que venha a ter bons resultados na época de terra batida.
Foto de Capa: Estoril Open