Ser Ténis: A beleza de ser Roger Federer

    Quando Federer enfrenta outros tenistas, comuns mortais, a sensação que fica é a de que o encontro é injusto, porque nunca um ser humano deveria ser colocado em posição de tentar derrotar um extraterrestre. Não é natural, não é humano, não é possível. Quando o suíço está bem fisicamente, tenistas como Djokovic, Murray ou Wawrinka parecem vulgares, tal é a facilidade com que FedEx devolve pancadas que parecem destinadas a terminar em winner, coloca-se numa posição de domínio do ponto, e acaba por vence-lo.

    Federer em ação em Melbourne Fonte: ATP Melbourne
    Federer em ação em Melbourne
    Fonte: ATP Melbourne

    Sempre que Federer lança a bola para servir, a sensação é a de paragem do tempo, semelhante à que se sente quando Ronaldo se eleva entre os centrais ou quando Michael Jordan se suspendia no ar em direção ao cesto. O pânico estampado na cara dos adversários assemelha-se àquele que os guarda-redes não conseguem esconder quando Messi avança, isolado, em direção à baliza. O que irá sair dali? Serviço chapado? Em slice? Ao corpo? Para o “T”? Bola no ar, movimento imaculadamente coordenado, braço bem levantado, contacto com a raquete…ás. A cara de pânico do adversário transforma-se em expressão de impotência, em misto de reconhecimento da superioridade do suíço com incredulidade pelo facto de ter que defrontar alguém tão esmagadoramente superior.

    Dentro e fora dos courts, Roger Federer é um exemplo para várias gerações. Muito mais do que um tenista, o Maestro trata-se de um desportista de eleição, alguém capaz de criar e recriar a arte da modalidade que pratica, alguém cujos gestos fora do court fazem perceber que há vida para além da atividade profissional e que é também (ou sobretudo?) na família e no altruísmo que se constrói o caminho para a felicidade. O mundo há-se sentir a falta de Federer, do seu ténis e do seu exemplo enquanto ser humano. Enquanto isso, o suíço conquista mais um título, ergue os braços e sorri, abraça Mirka Federer, olha para os seus quatro filhos e chora. É assim no ténis, como na vida, e é essa a capacidade maior de Roger Federer: ser um Deus da sua modalidade e, na sua condição de divindade, permitir que nos sintamos mais próximos daquilo que é terreno. Obrigado, campeão!

    Foto de Capa: ATP Wimbledon

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    Francisco Sampaio
    Francisco Sampaiohttp://www.bolanarede.pt
    Apaixonado por futebol desde a segunda infância, Francisco Sampaio tem no FC Porto, desde esse período, o seu clube do coração. Apesar de, durante os 90 minutos, torcer fervorosamente pelo seu clube, procura manter algum distanciamento na apreciação ao seu desempenho. Autodidata em matérias futebolísticas, tem vindo recentemente a desenvolver um interesse particular pela análise tática do jogo. Na idade adulta descobriu a sua segunda paixão, o ténis, modalidade que pratica de forma amadora desde 2014.                                                                                                                                                 O Francisco escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.