As queixinhas de Bruno de Carvalho

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    Cumprido um mandato completo, Bruno de Carvalho, presidente do Sporting, continua a sua cruzada anti-benfiquista com o único e exclusivo propósito de branquear o continuado fracasso desportivo em que se resume a sua presidência. Para seu maior agravo, este mesmo período coincide num ciclo de triunfos a vários níveis do rival Benfica.

    Bruno de Carvalho vai rebuscando paliativos momentâneos, primeiro numa quadra, depois numa caixa de areia; no futebol, porém, modalidade verdadeiramente prioritária, o seu rendimento é vulgar e idêntico aos dos seus predecessores, tanto os indultados, como os executados em praça pública. Tantas derrotas, sucessivas e cumuladas, pesam demasiado, para mais quando o investimento efectuado ultrapassa, significativamente, os valores dispendidos pelos acusados por gestão danosa. Perante a carência de justificações, para as evitar, ou exactamente devido à urgência das mesmas, Bruno de Carvalho cede ao populismo e à demagogia – adormecendo as mentes e apelando às emoções.

    É neste contexto que surgem as queixas (antigas e novas) feitas pelo Sporting contra actos praticados pelo Benfica e seus profissionais e representativos. Convém aqui recordar, como prólogo à discussão, o arquivamento até ao momento de todos os processos já decididos. Estes sucessivos considerandos, difundidos pelo próprio Bruno de Carvalho ou por alguém por seu comando, vieram a revelar-se, naturalmente, como inconsequentes – as práticas do Benfica cabem legal e moralmente no universo desportivo em que se inserem (assim foi aquilatado por quem de direito). Estas decisões, tomadas por diversos órgãos desportivos e disciplinares, nacionais e europeus, embora suficientemente esclarecedoras, acabaram, invariavelmente, relegadas para plano menor graças a uma de duas formas escolhida: ou pela desvalorização, em tom mordaz e jocoso, daquilo que anteriormente era designado como fundamental e estruturante; ou pela apresentação, com (ainda) maior pompa ruidosa, de uma nova queixa, tendo em vista o arrastamento de um novo processo.

    Os obstáculos para a vitória são sempre os mesmos; a receita também Fonte: SL Benfica
    Os obstáculos para a vitória são sempre os mesmos; a receita também
    Fonte: SL Benfica

    É verdade: Luís Filipe Vieira e Rui Vitória já foram castigados; pecaram no cumprimento dos regulamentos. Ao se dirigirem em termos penalizáveis a um membro do Conselho de Arbitragem, no caso do presidente, e a um árbitro, no do treinador, fundamentaram as suas penas. Sabemos, é certo, as causas que culminaram as atitudes; teremos, por isso, de aceitar as suas consequências.

    No entanto, não confundamos as coisas. Nem Luís Filipe Vieira, nem Rui Vitória, nem qualquer outro elemento ligado ao Benfica, fez ou disse mais (ou pior) que Bruno de Carvalho e outros elementos ligados ao Sporting. Seria por demais fastidioso voltar a enumerar a avalanche de declarações e comunicados com origem em Alvalade – ou até ridículo comparar, por exemplo, os protestos de treinadores no Bonfim; a sua forma e conteúdo. Ignorar esta proporcionalidade talvez seja, no actual quadro do futebol português, próprio do adepto comum; ou até mesmo indispensável à dialéctica sportinguista. Felizmente, vem-se verificando que tal necessidade não existirá junto do poder decisório. Para o comprovar, basta verificar a forma como cada caso foi avaliado pelos órgãos competentes, tal como o desfecho do conjunto de processos instaurados, entre arquivamentos e condenações, a um e outro clube. Sabendo separar o trigo do joio, resta-nos somente a estratégia do presidente do Sporting, com tanto de banal por quem ocupa tal cargo, e as suspensões de 113 dias a Bruno de Carvalho e de 75 a Octávio Machado.

    O que me motiva a escrever este texto – que não é o primeiro e, muito provavelmente, não será o último dedicado a esta temática – é o mais recente rol de queixas apresentadas pelo Sporting contra elementos do Benfica, entre dirigentes, treinadores e jogadores. Todas estas queixas, enquadradas com as que já anteriormente referi, terminarão, obviamente, arquivadas. Pois, tal como todas as outras, nenhuma merecerá crédito de quem as avaliará. No entretanto, deste renovado frenesi anti-benfiquista feito na forma de processos, somente resultará novos capítulos de narrativas e lendas – o resultado prático dos tais paliativos que adormecem as mentes e turvam as vistas defronte da tabela classificativa.

    O que ainda surpreende no caso actual, é a total incongruência destas queixas (ou o aumento da incompatibilidade das mesmas com a verdade e a lógica), que, de resto, é tal, que desrespeita toda a própria lógica criada por Bruno de Carvalho ao longo dos seus mandatos – e ecoada, em permanência, com vivas e salvas por aqueles que o apoiam. Bruno de Carvalho rejeita os “queixinhas”; indigna-se perante a denúncia da (clara e inequívoca) agressão de Slimani sobre Samaris; sobre o empurrão de Naldo a Lito Vidigal. Legitima os actos de Jorge Jesus; os comunicados de Nuno Saraiva; e as declarações de Octávio Machado e dele próprio. Por outro lado, Jonas, Samaris, Rui Vitória, Luís Bernardo e Domingos Almeida Lima são denunciados por agirem de forma análoga àquela que o próprio Sporting sempre defendeu ser a correcta.

    Confuso? Talvez, mas vejamos: o Sporting de Bruno de Carvalho é o mesmo que pede castigos a entidades que não reconhece terem legitimidade para castigar; por isso, ninguém consegue calar o Sporting e o seu presidente.

    Foto de capa: SL Benfica

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    João Amaral Santos
    João Amaral Santoshttp://www.bolanarede.pt
    O João já nasceu apaixonado por desporto. Depois, veio a escrita – onde encontra o seu lugar feliz. Embora apaixonado por futebol, a natureza tosca dos seus pés cedo o convenceu a jogar ao teclado. Ex-jogador de andebol, é jornalista desde 2002 (de jornal e rádio) e adora (tentar) contar uma boa história envolvendo os verdadeiros protagonistas. Adora viajar, literatura e cinema. E anseia pelo regresso da Académica à 1.ª divisão..                                                                                                                                                 O João não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.