Benfica 1-0 V. Guimarães: O Harry Potter de Leste voltou a fazer das suas

    camisolasberrantes

    Portugal parou, com o coração nas mãos, para ver o que é que o Benfica fazia. O princípio do 33º campeonato começava – ou não – a desenhar-se aqui. Nesta noite. Neste jogo. Com um Sporting em começo de quebra e um Porto a rebentar pelas costuras. O futuro a quem pertence. A quem o reclama. E este tem de ser nosso. Benfica à Benfica precisa-se.

    Não foi o que se viu. Um amor tímido, aquele que a equipa partilhou com os adeptos. Havia medo de perder. De não ser correspondido. De agarrar com unhas e dentes aquilo que é nosso por direito. Porquê? Somos melhores. Ninguém chega para nós. Mas há que mostrá-lo em campo. Olho por olho, dente por dente – como cantava Zeca Afonso. Com o onze do costume salpicado por algumas alterações e ausências, Jesus levava a jogo um Sílvio à direita, um Jardel ao centro e um Sulejmani à esquerda. E, surpresa das surpresas, tudo isso falhou. Mas há mais.

    Num jogo em que o Benfica entrou a alto ritmo, com uma oportunidade claríssima de golo para Rodrigo logo aos dois minutos, nada fazia prever que a equipa da casa precisasse de magia para sobreviver. Uma cabeçada entre Pérez e Jardel aos cinco minutos veio matar o ímpeto encarnado e, a partir daí, foi o jogo possível. O central brasileiro não é propriamente acarinhado pela boa sorte, mas hoje tudo lhe aconteceu. Abriu a cabeça, as ligaduras não ficavam no lugar, foi obrigado a jogar com uma touca, meteu o avançado do Guimarães por duas vezes em jogo, protegeu bolas que não saíram e ainda resolveu fintar em zona proibida. Tanto quis mostrar serviço que acabou a servir…de passador.

    D. Afonso Henriques...? Fonte: Facebook do SL Benfica
    D. Afonso Henriques…?
    Fonte: Facebook do SL Benfica

    Passo a passo – literalmente (!) – o Benfica lá ia tentando furar por aquela que foi a melhor defesa a jogar na Luz este ano. Rui Vitória não se fez de rogado e só não levou um ponto para casa porque o Benfica tem de ser campeão. E o que tem de ser tem muita força. Ainda assim, o Guimarães deixou em campo blood, sweat and tears e teve em dois elementos os engenheiros que, tijolo por tijolo, construíram a barreira táctica que havia de desesperar mundos e fundos nas bancadas e em casa: Crivellaro é rei do meio-campo vimaranese e um guerreiro à moda antiga. O centro do campo foi dele e até Enzo e Fejsa precisaram de uma ajudinha extra – serventia de Rodrigo ou Lima; à esquerda um conhecido Leonel Olímpio que ia galgando por ali fora até despejar bola em Maazou, o pivô que também merece destaque pelo trabalho que deu à defensiva da casa. Com estas e outras diabruras o Guimarães lá se foi aguentando, sempre com dois homens junto ao detentor da bola, alas fechadas e um centro de campo de meter medo. Jogo de vai ou racha, portanto.

    E o Benfica, pela varinha encantada de Markovic, lá foi e rachou. Depois de alguns sustos junto à (bem protegida) baliza de Douglas, o sérvio lá conseguiu – à terceira fantástica tentativa – tirar um coelho do chapéu…com um chapéu ao guarda-redes do Guimarães. Golo da noite, da jornada, da época e da vida do sérvio, se não contarmos com a maldade perpetrada no Estádio José Alvalade. Rodrigo, num dos poucos lances em que esteve bem, recebe a bola, roda sobre si próprio e com pózinhos de perlimpimpim faz a assistência que, a cinco minutos do intervalo, complicava as contas a Rui Vitória. Valha-nos o feiticeiro.

    A partir daí veio mais do mesmo. Um Benfica desligado, podre, nauseabundo e que não mostrava amor à camisola. Do banco avistavam-se soluções, mas o mister é Jorge Jesus e não eu. Não me entendam mal: ele é que manda, sim, mas eu é que percebo do assunto. E passei o jogo inteiro a dizer que o Enzo estava em “dia não” e que o Fejsa, assim, não dava nem para a elementar distribuição de cacetada. Rúben Amorim, senhores. O jogo clamava pelo português, raios! Não houve meio até à entrada do homem. Até aos 84 minutos! E não há milagres, Jesus. Só magia. E foi a magia vinda do Leste que te safou.

    O capitão juntou as tropas na tentativa de encaminhar o Benfica para o sucesso. Foi complicado. Fonte: Facebook do SL Benfica
    Após o primeiro golo, o capitão juntou as tropas e exigiu mais
    Fonte: Facebook do SL Benfica

    A Figura
    Markovic – Palavras para quê? Nasceu ensinado e saiu de lá de dentro a dar toques. É estonteante. Dá até vontade de o vender por mais de 25 milhões, só para variar um bocado.

    O Fora-de-Jogo
    Público da Luz – Não tivessem os bilhetes sido oferecidos e estava a noite estragada. Onde anda o Benfiquismo desta gente? Fica a nota: a energia gasta no maldizer também serve para as palmas e para os cânticos. Esta equipa, independentemente do que deixa ou não em campo, merece melhores adeptos.

    P.S. – Parabéns a Luisão pelo 400º. Já não se vêem destas coisas no futebol. E muita força ao nosso Mário “Capitão” Coluna. Estamos a torcer por melhores notícias.

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    O Tiago tem uma doença incurável que o afeta desde o momento em que nasceu: a paixão pelo Benfica. Gosta de ver bom futebol, mas a sua maior alegria é comer um coirato à porta do Estádio da Luz.                                                                                                                                                 O Tiago não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.