Dizem que somos loucos da cabeça…

    lanternavermelha

    O Benfica é o clube com mais sócios do mundo. São 235 mil sócios pagantes. Sim, pagantes.

    Mas dizem que somos loucos da cabeça. Dizem que uma grande percentagem não paga, que outra percentagem significativa já morreu e é igualmente contabilizada, que outros tantos não estão em Portugal – como se isso realmente tivesse a mínima importância para a grandeza deste feito -, etc. Em suma, somos o clube com mais sócios no mundo e dizem que somos loucos da cabeça.

    O mais engraçado é que aceito. E aceito com o peito inchado e o queixo bem levantado. Aceito com grande orgulho e enorme e verdadeira alegria. Porque é simplesmente verdade e tenho a perfeita noção de que não é para todos. Sim, somos loucos da cabeça e amamos o Benfica com certeza. Loucos pelo Benfica e por tudo o que o envolve.

    Há dias falava com um grande amigo sobre futebol, sobre a forma como nos Estados Unidos o desporto serve de pretexto para o show off, para o negócio do espectáculo levado a um nível máximo – os casos da NBA ou do Futebol Americano, entre outros. A forma como eles maximizam e dinamizam tudo e nós (no velho continente) não. Disse-lhe, na altura, que talvez fosse pertinente apostar mais nisso cá, nesse espectáculo que também vende bilhetes, nesse show off que atrai adeptos; ao que ele me respondeu, de forma simples e apaixonada: ”Sabes que sou open mind, que aceito mudanças, alterações em várias coisas e que até as incentivo, mas neste caso…não me tirem o courato e a cerveja, não me tirem o espectáculo que é ver um jogo na Luz. Não mexam”. Na altura discordei. Hoje concordo.

    Não mexam. O jogo como ele é faz parte da nossa paixão, da história, é o que nos ajuda a ser loucos por este desporto e por este clube. Ir à Luz é o que é: um ritual único. Uma bifana e uma(s) cerveja(s) antes de um jogo, um grupo de amigos a falar como se fossem taberneiros, o caminho para as bancadas, aquela entrada no estádio, já meio cheio, a irmandade vivida com quem está ao lado, sem que para isso tenhamos de conhecer tais pessoas. O cantar o hino como se fosse a primeira vez. Aquele hino. A festa, a alegria do golo, a explosão da vitória ou a angústia partilhada da derrota.

    A Luz ao rubro Fonte: trexona.com.sapo.pt
    A Luz ao rubro
    Fonte: trexona.com.sapo.pt

    Esta descrição serve para qualquer adepto de qualquer clube? De um modo geral e em teoria, sim. E é bom sinal. Sinal de que vamos todos para o mesmo, independentemente do símbolo cravado no nosso coração. Na prática, não. Porque para nós é maior do que aquilo que mal consigo expressar em palavras. Por isso somos loucos da cabeça, por tudo o que o Benfica nos dá. Por todas as experiências que nos permite viver.

    Somos arrogantes? Convencidos? Com o ‘rei na barriga’? Acho que não. Generalizar é fácil. E se é para generalizar prefiro generalizar pelo orgulho que sentimos pelo Benfica – sendo que a nível desportivo nem sempre temos razões para tal.

    Podem não gostar mas somos de facto maiores, somos mais e somos bons.

    Talvez seja fácil, segundo a justificação de alguns, porque somos o clube do povo, que abrange o taxista, o operário fabril, o médico, o desempregado, o mecânico, o estudante, o engenheiro e a senhora da peixaria. Mas isso é que nos faz especiais, é isso que nos faz maiores. E desculpem, mas por consequência, melhores. Pelo menos para mim.

    Percebo que não entendam este benfiquismo exaltado na minhas palavras a não ser que sejam…loucos da cabeça.

    Eu sou Benfica, adoro ser e espero ter por muitos anos a oportunidade de acompanhar o meu, o nosso, Glorioso. E vibrar muito, sempre.

    Por isso, sim. Sou louco da cabeça…e ainda bem.

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    Gonçalo Martinho
    Gonçalo Martinho
    Apoia o Sport Lisboa e Benfica desde que nasceu. Adora o clube, tudo o que o envolve, mas não é cego e muito menos vê só vermelho! Para ele, o Cristiano Ronaldo é o jogador mais completo do mundo, a formação do Benfica devia render mais e Portugal caminha a Passos largos para o abismo.                                                                                                                                                 O Gonçalo não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.