O Arnold, desta vez, não chorou – e ainda bem que o destino lhe fez a vontade. Fico sempre constrangido, sem reacção e palavras, perante as imagens de um homem feito a desfazer-se em lágrimas (e este mês já me chegaram alguns olímpicos mais sensíveis). O Setúbal visitou a Luz, fez o seu joguinho, utilizou as suas armas, com faltas e faltinhas, cãibras e outras maleitas ligeiras, marcando um golinho – e nenhum tribunal reparou que, nesse lance, a bola é enviada para um atacante em fora-de-jogo de dois metros que, embora não se fazendo ao lance, é, no momento do passe (que define a aplicação da regra), o óbvio receptor do mesmo? –, abusando do useiro anti-jogo, beneficiando da complacência do juiz – que, sabe-se agora, é prova de coerência do novo paradigma de nomeações do futebol português – e, bem fechadinho lá atrás, conquistou, com o mérito que alguns especialistas lhe dão, um preciso ponto na luta pela manutenção.
Este empate é doloroso – é-o sempre quando a nossa equipa faz por ganhar. No entanto, importa compreender a posição adversária: as suas fragilidades e limitações. Cada qual dá aquilo que tem, faz aquilo que pode, e foi exactamente isso que o Setúbal fez; ao contrário do Benfica, que pode melhorar, tem de melhorar e, arrisco mesmo dizê-lo, vai certamente melhorar. O melhor, portanto, é deixar a vida acontecer, dentro e fora do campo, o mais rapidamente possível, esperando que a próxima jornada nos traga um Benfica mais competente e próximo daquele que – e como às vezes me adoro repetir! – conquistou três campeonatos consecutivos e oito dos últimos 12 títulos disputados em Portugal.