Um jogo à Premier

    Glóbulos Vermelhos

    Bem sei que os sportinguistas têm razão de queixa da arbitragem. Não o nego, não sou cego ao contrário do Paulo Fonseca na cuspidela do Josué. Percebo, por ser um jogo desta dimensão, que se queixem e que atribuam a derrota à arbitragem. Sobretudo, porque um jogo desta categoria merecia uma arbitragem de classe. Não me parece é normal que se encham de peito a reclamar uma vitória. Os penaltis seriam o mais justo e até um prémio para as duas equipas, porque nenhuma merecia perder.

    Mas não quero falar de polémicas. Antes de um jogo tremendo – é certo que sem os erros este não existiria, os golos seriam menores, mas afinal do que é feito o futebol? – com duas equipas de excelência a largarem tudo em campo. E não falamos apenas de intensidade, isso por norma costuma existir em todos os dérbis, mas de qualidade individual e colectiva. Do lado do Sporting: Patrício falhou na hora do golo mas evitou um outro certo de Cardozo com uma defesa incrível com o pé; William Carvalho continua a evoluir e sem medo de grandes jogos; Slimani, apesar daquela bola no poste, fez golo e dá sinais de ser um ponta-de-lança cirúrgico em frente à baliza e na movimentação dentro de área; Piris também errou mas é um jogador de luta, com técnica, que dá gosto ver jogar. No Benfica: Gaitán está de volta, com uma exibição de alto gabarito e, sobretudo, cheia de esforço – coisa que nem sempre se verificava; Matic está mais preso, mas nem por isso menos interventivo; Cardozo é Cardozo; Enzo não sabe jogar mal; Sílvio está a crescer.

    O derby do "tudo por tudo" / Fonte: publico.pt
    O derby do “tudo por tudo”
    Fonte: Público

    Além disto, parece-me evidente que Rojo não é central para o Sporting. É sempre surpreendido na antecipação e basta vê-lo jogar na selecção argentina a lateral-esquerdo para perceber que aí é bem melhor. Depois, claro, alguma inexperiência dos leões e sobretudo um jogo menos positivo de André Martins. A defesa não esteve propriamente bem e pedia-se mais ao meio-campo. Quanto à equipa da Luz percebe-se que Markovic fez uma boa primeira parte, mas têm que jogar ao meio, que o meio campo ganha coesão e a defesa continua a desiludir, principalmente nos lances de bola parada, já para não falar do trauma do minuto 92 em que ninguém gosta de reagir, fica tudo congelado. Mas os processos ofensivos ganham largura e a bola começa a sair mais rápida do pé de cada um.

    Um jogo bonito, intenso, que obviamente não tem a qualidade de um jogo da Premier porque também não tem os seus executantes e, ainda mais essencial, porque há faltas atrás de faltas. Isso ainda não conseguimos mudar. Mas este sábado demos um avanço.

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