Rúben Dias é o único jogador do SL Benfica que consta na convocatória de Fernando Santos para o Mundial 2018, que arrancou esta quinta-feira. A chamada à seleção A é um prémio mais que merecido e justo pela excelente época que realizou, tendo sido titular absoluto no centro da defesa benfiquista.
Foi um dos jogadores mais utilizados por Rui Vitória em 2017/2018, tendo participado em todas as competições que o SL Benfica esteve envolvido, registando um total de 30 jogos e 4 golos marcados.
Pela seleção, é a primeira vez que integra um lote de 23 convocados para uma grande competição. Somou a primeira internacionalização no amigável frente à Tunísia e completou os 90 minutos de jogo como titular.
É um jogador que acrescenta jovialidade e robustez ao conjunto de quatro centrais também convocados: José Fonte, Pepe e Bruno Alves, que já contam com 34, 35 e 36 anos, respetivamente. As qualidades que oferece, misturado com a experiência dos restantes centrais, formam um todo coeso no centro da defesa, necessário para enfrentar os desafios que aí vêm.
Em princípio, a titularidade estará entregue a Pepe e José Fonte. Com Bruno Alves como terceira opção, as probabilidades de participar em algum jogo são poucas. No entanto, apesar de difícil, acredito que pode vir a espreitar a titularidade, num jogo que, eventualmente, Portugal seja favorito ou em caso de necessidade, se Fernando Santos precisar de fazer descansar algum central titular.
No entanto, e olhando para o plantel de jogadores portugueses do SL Benfica, Rúben Dias acaba por não ser o único jogador merecedor de uma oportunidade de integrar a convocatória para uma das competições mais sensacionais de sempre.
Este ano é certo e sabido que a época não correu como esperado. O conjunto de Rui Vitória apenas conquistou a Supertaça, tendo ficado aquém das expetativas nas restantes competições. À parte dos resultados, que nem sempre foram agradáveis, os jogadores procuraram dar sempre o melhor em campo, o que não significa que não pudessem espreitar um lugar na seleção nacional.
Começando por Bruno Varela, ainda é cedo para assumir um lugar na baliza das quinas, que está assegurada por Rui Patrício, Anthony Lopes e Beto, presenças mais que garantidas na seleção. Além disso, precisa de ganhar mais maturidade em campo e trabalhar mais para alcançar este patamar.
No caso do guarda-redes, Fernando Santos optou, de forma correta, por não o convocar, apenas por não ser a altura certa para brilhar a este nível.
No caso de André Almeida, este desempenhou em 2017/2018 a melhor época de águia ao peito. Foi o quatro jogador mais utilizado, realizou 40 jogos ao mais alto nível e marcou dois golos. É um dos atletas que mais quero ver na seleção, onde já conta com oito internacionalizações, e tenho a certeza que conseguirá mais tarde ou mais cedo.
O que falhou, desta vez, para não ter sido chamado? Acredito que o alto rendimento de Ricardo Pereira e o lugar cativo de Cédric Soares foram critérios mais que suficientes para impedir que André Almeida conseguisse espreitar um lugar.
Quanto a Pizzi, o jogador transmontano não realizou uma época brilhante, mas foi o jogador mais utilizado, com 45 jogos e 6 golos marcados. Com experiência na seleção, nove internacionalizações e dois tentos apontados, não fez parte do leque de 35 pré-convocados, uma vez que perdeu em 2017/2018 algum do vapor que tinha ganho na época anterior, que muito impressionou Fernando Santos, que o chamou para a Taça das Confederações.
No processo de seleção dos 23 convocados, teve azar em não fazer parte dos escolhidos, pelos motivos que apontei. Porém, é um sério candidato a recuperar o lugar, se voltar ao alto rendimento que nos habitou em temporadas passadas.
Por último, Rafa Silva é outro dos jogadores do SL Benfica que ficou por terra, após ter feito parte da lista de convocados no Euro 2016, ao serviço do SC Braga. A sua não-convocatória acaba por ser uma prova de que tem que trabalhar mais para ser um dos titulares indiscutíveis da seleção, com vista a reclamar o lugar que um dia foi seu.
À semelhança de Pizzi, Rafa perdeu muito do gás que trazia na época anterior e deixou um pouco a desejar. Na reta final da época, a lesão de Krovinovic deixou um lugar em aberto no onze, que Rafa não desperdiçou. Foi titular em 17 dos 25 jogos que realizou e apontou dois golos. Não são números perfeitos, longe disso, mas revelam o esforço e dedicação mostrados pelo jogador campeão europeu em 2016.
Olhando para estes quatro jogadores, o motivo de não terem sido convocados difere de jogador para jogador, em função das posições e necessidades da própria seleção em colmatar as eventuais falhas que existam.
Não significa, necessariamente, que tenham feito uma má temporada com maus resultados. Pelo contrário, é a prova viva de que ainda não chegou a altura de brilharem em palcos ainda maiores. Acredito que, um dia, o trabalho e dedicação de Bruno Varela, André Almeida, Pizzi e Rafa Silva irá colher frutos e, mais tarde ou mais cedo, estarão a ocupar um lugar na convocatória lusa.
Por outro lado, a integração de Rúben Dias nos trabalhos da seleção traduz-se numa lufada de ar fresco, para a carreira que está a construir, que só tem a ganhar com isso, para a formação do SL Benfica, de onde o central é oriundo, e para equipa técnica e os jogadores, por terem dado ao jovem de 21 anos o espaço e tempo ideal para se poder mostrar ao mundo, despoletando reações de interesse e crença de que poderá vir a ser um grande talento para as quinas e o clube que representa.
Foto de Capa: SL Benfica