O Benfica, de Rui Vitória, está muito perto de chegar aos oitavos de final da Liga dos Campeões depois de três épocas sem conseguir alcançar o feito.
O mérito? Não, não vou comparar com o que Jesus fez de águia ao peito a nível de Champions. O mérito é de Rui Vitória tal como é de cada um dos jogadores que estiveram, hoje e nos outros jogos, em campo. Sem ser perfeito, os encarnados realizaram uma exibição consistente, organizada e sobretudo concentrada. Não houve erros infantis, não houve espaços entre linhas e os laterais comprometeram-se com a equipa, protegendo-a, ao contrário do que tem acontecido.
A vitória foi do conjunto, e o abraço dado a Júlio César, num lance perto do final, reflete a união dos jogadores e a demonstração de que estes três pontos eram de vida ou morte. Esta foi uma vitória de milhões, que dá moral, e mostra aos benfiquistas, que andam desencantados, que o plantel não é tão mau quanto o pintaram.
Muito vai mal, mas também há muita coisa boa, e é nisso que o Benfica tem de se sustentar. A equipa de Rui Vitória foi a melhor durante todo o encontro, e a vantagem podia até ter sido mais dilatada, não fosse a grande exibição de Muslera e a noite pouco inspirada no capítulo da finalização de Jimenéz.
Assistimos a boas jogadas, boas triangulações, e Talisca foi o pêndulo, no meio-campo, que tem faltado ao Benfica. Organizou o jogo, fez jogar, apareceu a finalizar e no processo defensivo mostrou melhorias, sendo muito mais intenso e estando melhor posicionado. Não é o tipo de jogador indicado para aquela posição mas, dentro do que há no plantel, tem de ser tido em conta.
O Galatarasay veio para o empate e só quando se viu a perder é que atacou a baliza. Jonas abriu a contagem, num golo pleno de oportunidade, que fez justiça à sua exibição. Jonas não sabe jogar mal, lê o jogo como poucos e foi importante no tempo em que esteve em campo, mesmo que não seja muito vistoso.
Gaitán e Guedes, nos flancos, ajudaram à intensidade das águias, que ao intervalo já mereciam estar em vantagem. Ao contrário de outros jogos, o Benfica não desesperou, teve paciência e o golo surgiu. Justo e merecido!
O golo deveria ter sido sinónimo de tranquilidade, mas Podolski (que triste sina de marcar aos portugueses) empatou logo a seguir, trazendo de novo uma injustiça ao marcador. A partir dali só deu Benfica!
O Benfica voltou a ser paciente e criou oportunidades atrás de oportunidades, e o golo ia surgir dos pés do capitão. E mais poderiam ter entrado. O Estádio da Luz ajudou, a equipa empolgou-se e só a expulsão de Gaitán fez com que os turcos saíssem do “ninho” e atacassem. Aí Jardel, Luisão e Júlio César foram determinantes, e Eliseu evitou o golo certo de Oztekin.
Não foi um grande jogo de futebol, mas é caso para dizer que existe um Benfica na Europa e um em Portugal. O “Benfica nacional” só precisa de mais tranquilidade, retirar a pressão de cima dos ombros e jogar como se os adversários fossem sempre Atléticos ou Galatarasays. É difícil?
Pena aquela expulsão do mágico Gaitán, já que o primeiro amarelo resultou de protestos, num lance em que quem deveria ter visto o vermelho era Burak Yilmaz.
Agora é vencer o Boavista e apontar baterias para o dérbi. Eu vi qualidade!
A Figura:
Luisão – Não está no topo da forma mas está longe de estar acabado. Marcou um golo decisivo e esteve no primeiro. É o patrão da defesa, tem muito para dar àquele setor e com Jardel fez uma dupla irrepreensível.
O Fora de Jogo:
Hamza Hamzaoglu – o treinador do Galatarasay sabia que uma derrota na Luz complicava e muito as contas turcas, mas mesmo assim deixou o autocarro lá atrás. A equipa teve o que merecia e, para quem disse que o grupo era fácil de passar, as noites deverão ser complicadas de passar.
Foto de Capa: SL Benfica