Uma questão de identidade

    paixaovermelha

    Na quarta-feira, dia 26, o Benfica desloca-se ao Estádio do Dragão para defrontar o FC Porto no jogo referente à 1ª mão das meias finais da Taça de Portugal.

    É um jogo que apesar da importância da competição tem um peso diferente para ambos os clubes. O FC Porto está afastado do título e foi obrigado a rever as prioridades para a presente época, com a Liga Europa e Taça de Portugal a ganhar grande destaque no horizonte portista. Já o Benfica, depois de uma época em que o “tudo” se transformou em “quase tudo”, tem em Jorge Jesus um treinador preocupado com a manutenção do primeiro lugar na Liga ZON Sagres.

    Portanto, face às prioridades, qual é o Benfica que vai ao Dragão? O Benfica do campeonato ou o Benfica da Liga Europa?

    No passado domingo, no final do jogo frente à Académica, um jornalista interrogou Jorge Jesus sobre o mesmo tópico, ainda que o tenha feito com outras palavras. “O campeonato é prioridade”. Seria esta a resposta ideal do técnico benfiquista. Não só retiraria toda a pressão sobre a equipa como desvalorizaria uma possível derrota no Dragão e, imagine-se, teria o poder de em caso de vitória do Benfica o FC Porto ficar ainda mais fragilizado. A capacidade das palavras é enorme, não é, Mourinho?!

    Mas não. Contrariamente ao bom senso, o nosso treinador já referiu que, no Dragão, o Benfica poderá mostrar todo o seu potencial. O que quer isto afinal dizer? Quer dizer que Jorge Jesus vai atacar com tudo. Quais as consequências? Honestamente, espero que sejam boas. Mas duvido.

    O Benfica ganhou por 2-0 o último clássico Fonte: Liga Portugal (Hernani Pereira)
    O Benfica ganhou por 2-0 o último clássico
    Fonte: Liga Portugal (Hernani Pereira)

    Ainda tenho esperança de que Jorge Jesus tome a melhor decisão para o clube. Não peço ao treinador para mudar toda a equipa mas, se imitar aquilo que tem feito na Europa, tem equipa com qualidade para rodar o plantel e ainda assim discutir o jogo. Portanto afirmo: não devíamos entrar com o melhor 11, aquele que é o onze habitual nos jogos do campeonato.

    Primeiro porque a prioridade é o campeonato e o Benfica tem no próximo domingo uma deslocação dificílima ao terreno do SC Braga, que pode ser absolutamente decisiva na conquista do título nacional. Logo, queremos os jogadores frescos física e mentalmente para a deslocação ao Axa. Segundo porque, por muito que eu goste da Taça de Portugal, ir ao Jamor ainda não é mais relevante do que ir a Turim. E se Jorge Jesus tem rodado (e muito bem) na Europa, porque não fazê-lo também para a Taça? Só porque é o FC Porto? Só porque é no Dragão?

    Deixo as perguntas em aberto e lanço um novo repto: o complexo com o FC Porto por parte de Jorge Jesus.

    Porque razão muda a identidade da equipa nos jogos do Dragão? Não quero estar aqui a invocar fantasmas, mas está mais do que provado que mudar nos jogos decisivos, especialmente frente ao FC Porto, dá em erro (leia-se “derrota”). Nunca culpei na totalidade o treinador do Benfica por tudo aquilo que temos perdido, ou não temos ganho, nos últimos anos. Mas se há coisa que eu não compreendo em Jorge Jesus é porque razão transforma o ADN da equipa frente ao rival do norte. Não é lógico. Não é aconselhável. Transmite a sensação de receio para com o rival e, simultaneamente, retira confiança à equipa, que vê as rotinas habituais serem modificadas para um “simples” jogo. O Benfica entra a perder, é um fato.

    Então, que peço eu ao Benfica para o jogo de amanhã? Que se mantenha fiel às suas ideias. Que a vitória por 2-0 frente ao FC Porto do passado janeiro seja o exemplo a seguir: autoridade, personalidade e garra.

    Vamos para a frente, rapazes. Vamos ao ataque. É essa a nossa identidade. Somos o Benfica!

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    Pedro Beleza
    Pedro Beleza
    Benfiquista até ao último osso, mudou-se do Norte para Lisboa para poder ver o seu Benfica e só depois estudar Jornalismo. O Pedro é, acima de tudo, apaixonado pelo desporto rei e não perde uma oportunidade de ver um bom jogo de futebol.                                                                                                                                                 O Pedro escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.