Algo que já se tornou hábito em Portugal, são as constantes alterações de treinadores por parte dos clubes. Quando os resultados não são os esperados, a culpa acaba por recair inevitavelmente no timoneiro da equipa, e os casos de estabilidade são cada vez mais raros no nosso futebol. Olhando exclusivamente para a Primeira Liga, são já sete os clubes que contam neste momento com treinadores que não iniciaram a temporada ao seu serviço.
No Boavista FC, Miguel Leal, que havia realizado toda a época anterior ao serviço do clube, foi substituído por Jorge Simão após decorridas seis jornadas do campeonato. O clube tem feito uma época tranquila, tendo a manutenção praticamente assegurada. Continuando a norte, o CD Aves vai já no seu terceiro treinador nesta temporada, sem conseguir evitar os últimos lugares da tabela classificativa. José Mota sucedeu a Lito Vidigal e Ricardo Soares, e tem a árdua tarefa de garantir a manutenção dos avenses.
O FC Paços de Ferreira é outro clube que vai já no terceiro treinador na presente temporada. Após Vasco Seabra e Petit, é agora o ex-leixonense João Henriques que detém o comando da equipa. No Moreirense FC aconteceu o caso mais caricato, em que um treinador demitido voltou a ser contratado novamente pelo clube. Petit sucedeu a Manuel Machado mas acabou por ser demitido, abraçando de seguida o desafio do Paços de Ferreira. No Moreirense deu lugar a Sérgio Vieira, que acabou também por ser demitido, indo o clube de Moreira de Cónegos “repescar” Petit, que já havia cessado funções na equipa da capital do móvel.
Mais a Sul, o Estoril-Praia foi também já orientado por três técnicos, tendo o adjunto Filipe Pedro orientado a equipa em duas jornadas, na transição após a demissão de Pedro Emanuel e a contratação de Ivo Vieira. No CF “Os Belenenses”, Silas substituiu Domingos Paciência à cinco jornadas atrás, e no Vitória SC houve a última vitima das “chicotadas psicológicas”, Pedro Martins, sucedido para já por Vítor Campelos, que orientava a equipa B dos vimaranenses.
Este tem sido um problema há já muitos anos no futebol em Portugal, onde o treinador está sempre sujeito a uma enorme pressão, de conseguir obter resultados positivos a curto prazo. Quando estes não são alcançados, a solução mais fácil pro parte dos dirigentes acaba por ser demitir o técnico, e esperar que a mudança tenha um impacto positivo na equipa. No entanto, é esquecido que o adquirir de processos por parte de uma equipa e a assimilação dos princípios de jogo por parte dos jogadores é um processo que poderá exigir tempo, não se manifestando os resultados logo no imediato.
portanto necessária uma mudança de mentalidades no nosso futebol, ou criar regras que limitem o constante “vai e vem“ de treinadores, para que estes possam exercer a sua profissão sem a sufocante pressão com que o fazem.
Foto de Capa: GD Estoril-Praia