Foi a 15 de maio de 1977, que se escreveu uma das mais importantes páginas da História do futebol madeirense e do CS Marítimo em especial. Nesse dia o clube do Almirante Reis recebia e goleava o SC Olhanense, por 4-0, num apinhado Estádio dos Barreiros. Pela primeira vez uma equipa de fora do espaço continental conseguia ascender ao mais alto patamar do futebol em Portugal.
O jogo era referente à 30.ª e derradeira jornada da II Divisão – Zona Sul. O Marítimo discutia com a CUF – hoje Fabril do Barreiro – o título de campeão e o acesso direto à I Divisão. A expectativa era enorme e ao início da tarde já o ‘Caldeirão’ estava lotado. Mas tão grande era a vontade de assistir ao momento histórico, que se tornaram célebres os relatos de adeptos pendurados em ramos de árvores e postes de iluminação, sentados nos muros e na cobertura da bancada central. Cerca de quinze a vinte mil pessoas assistiram nessa tarde à vitória “maritimista” que dava à região o seu primeiro “primodivisionário”.
Até aos anos 70, os clubes madeirenses e açorianos estavam privados da participação nos campeonatos nacionais, podendo apenas disputar a Taça de Portugal. E mesmo nessa competição as dificuldades eram incomportáveis. Muitas vezes eram os clubes insulares a suportar por inteiro as deslocações dos adversários e equipas de arbitragem às ilhas. Instrumental na conquista do direito à participação nos nacionais, Artur Agostinho, à data delegado da Associação de Futebol da Madeira, foi um dos nomes mais sonantes a dar a sua voz à causa desportiva insular.
Naquela tarde de primavera deu-se o culminar da luta. O Marítimo de Quim, Noémio, Eduardo Luís, Humberto Câmara, Arnaldo Carvalho, Eduardinho, Norberto, entre tantos outros, chegava à elite do futebol português. Por toda a ilha, a festa foi digna do feito, tendo o seu epicentro nas ruas do Funchal. Da parte de vários clubes continentais, antigos e futuros adversários, chegaram mensagens de felicitações, bem como de inúmeros sócios, adeptos e simpatizantes dispersos pelo mundo.
Entretanto, ainda antes da estreia no principal escalão, o Marítimo sagrar-se-ia campeão da II Divisão, batendo os vencedores das zonas centro e norte, Feirense e Riopele, respetivamente. Nos 40 anos seguintes, o emblema verde-rubro consolidaria o seu lugar entre os grandes, obtendo, até à data, 32 participações consecutivas na Primeira Liga e alcançando, desde os anos 90, oito participações europeias.
Foto de capa: Facebook de CS Marítimo