Fidelização de uma ideia de jogo

    Cabeçalho Futebol Nacional

    No livro Liderator, Luís Lourenço e Tiago Guadalupe deixam-nos de frente para com esta afirmação: “A realidade do jogo é complexa e são muitas as variáveis que estão implícitas no mesmo, porque não se trata apenas de colocar onze jogadores em campo, como permitem as leis do jogo (…). Existe um lado construído – o dos princípios – e um lado natural – o da imprevisibilidade e do detalhe –, sendo que uma das missões do treinador passa por fazer que estes dois “lados” se manifestem interligados. Porém, quando articulados, os princípios transmitem uma certa forma de jogar que será, digamos, o “bilhete de identidade” do jogo do treinador…”

    Haverá melhor sensação do que pagar para ver um jogo de futebol e sair-se de lá satisfeito com aquilo que se viu? Eu acredito que, mais do que isso, só mesmo a satisfação de um treinador por ver aquilo que idealizou materializar-se ao longo dos 90 minutos de jogo. Cá em Portugal, temos bons exemplos de treinadores que estudam e definem ao pormenor o comportamento dos seus jogadores em campo. Querem que estes sigam fielmente as ideias para os jogos e que não abdiquem da filosofia e modelo de jogo preparados pelo seu líder. Dão-lhes liberdade, mas sempre em prol do coletivo. Se as coisas não estão a correr como deveriam, o treinador ajusta o que é necessário mas sem comprometer aquilo que veio a preparar desde a semana anterior. Desde o mês anterior. Desde o início da pré-temporada. Entre toda esta preparação e estratégia podemos encontrar uma crença enorme naquilo que é o processo: o meio para atingir o fim ou, se preferirmos, o caminho que a equipa tomará para chegar a um determinado destino – a vitória e a valorização.

    Luís Castro não dissocia o contexto colectivo do desenvolvimento pessoal Fonte: Facebook Oficial GD Chaves
    Luís Castro não dissocia o contexto colectivo do desenvolvimento pessoal
    Fonte: Facebook Oficial GD Chaves

    Numa entrevista ao Tribuna Expresso, em julho de 2017, Luís Castro referia que “a equipa, o todo, está sempre primeiro do que as partes e é a soma das partes que nos leva ao todo e o desenvolvimento do todo para patamares cada vez maiores de qualidade”. O treinador do GD Chaves mostra aqui uma grande preocupação em desenvolver os seus jogadores, inserindo-os num contexto competitivo e de qualidade de jogo. E qual a importância de os jogadores perceberem que o caminho que o treinador indica é o caminho certo? O caminho que lhes irá servir de rampa de lançamento para o tal patamar maior de qualidade? Eu diria que é fundamental e o treinador transmontano confirmou-o ao longo da presente temporada, uma vez que a equipa flaviense não fez um arranque de campeonato nada famoso, só conseguindo a sua primeira vitória à sexta jornada.

    Em algumas realidades, isto seria motivo mais do que suficiente para demitir o treinador e começar a dança das cadeiras e chicotadas psicológicas. Felizmente, a Direção do GD Chaves nem sequer ponderou essa hipótese, dando todas as condições para que o treinador pudesse continuar com o seu trabalho. Neste momento, encontram-se na sexta posição, a somente três pontos do quinto classificado.

    Houve dores de crescimento, mas os jogadores acreditaram no caminho a seguir e os resultados estão agora a ser obtidos. A equipa transmontana vai convencendo e Luís Castro continua a mostrar toda a sua competência.

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    Bruno Costa
    Bruno Costahttp://www.bolanarede.pt
    Alfacinha de gema e Benfiquista por natureza, Bruno é um obcecado por Futebol e foi através da escrita que encontrou a melhor forma de dar a conhecer essa sua paixão pelo desporto-rei. É capaz de estar desde Segunda-feira até Domingo à noite a ver todos os jogos que passam na TV. Terá sido em pequeno que toda esta loucura futebolística foi despertada pelo seu Pai e pelo seu tio que, respetivamente, o levavam ao Estádio do Restelo e ao Estádio da Luz. Bruno não suporta facciosismos e tenta sempre ser o mais crítico possível para com o seu clube.                                                                                                                                                 O Bruno não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.