A resposta já vai longa, mas para terminar quero-te contar um segredo que ficará só entre nós. Não podes contar à mãe nem mesmo à mana. Ok? Então cá vai. Mas guarda segredo por favor. Eu na outra semana fui de novo ao estádio ver o jogo da nossa equipa. É verdade! Não disse a ninguém e lá fui eu. A mãe pensou que era um jantar de amigos, mas na realidade fui ver o nosso clube de coração.
“Mas não foste equipado pai! “ – Estarás tu a pensar.
Pois não filho. Não levei o equipamento. Só me fiz acompanhar do outro cachecol que tenho no carro. Confesso que me sentia um bocadinho despido com a falta da “roupa de adepto”. E pelo caminho não ia com aquela motivação e paixão com que costumava ir quando ias comigo desde os tempos em que tinha que te levar ao colo porque assim era mais seguro no meio daquelas pessoas todas.
Não ia com aquele sorriso e alegria e sentia a tua falta. Mas sabes meu querido, assim que se avista o nosso estádio, tudo, ou quase tudo o que rodeia o futebol, passa a ser secundário perante aquela “visão”. E depois quando se caminha para o estádio, e finalmente se chega às bancadas então aí tudo se esquece, e sentimos o nosso coração mais aconchegado e percebemos que apesar de tudo o futebol não deixou de ser uma paixão inesquecível, inexplicável, só tendo palavras para descrever aquilo que se sente se o nosso coração fala-se. E depois o aquecimento, os cânticos das bancadas, a entrada das equipas em campo, o apito do árbitro para o início do jogo. E assim nos perdemos durante aqueles 90 minutos…
Por isso filho não tenhas medo: o fim das novelas cá de casa, ou pelo menos de parte delas, acabará por acontecer. Porque o pai não resiste ao poder da bola. E porque também não resisto a estar a teu lado naquelas tardes maravilhosas a dois.
Desculpe, Sr Presidente. Sei que me alonguei demasiado. Que provavelmente não irá ler este email porque deve ter muitos para responder e muito trabalho em mãos.
Se puder tente realizar o desejo de uma pequena criança de seis anos. Mas mesmo que não dê, então ficará com a certeza que tentou tudo. E mesmo que não faça tudo, ainda assim, fique descansado que o meu pequenote irá ter longas tardes e noites de futebol com o pai. Porque esse desporto, apesar de tudo, não deixará nunca de nos apaixonar e de fazer os nossos corações baterem mais forte.
Com os melhores cumprimentos,
Mário Santos (o pai do João)