A história da partida entre belgas e portuguesas resume-se aos últimos três minutos da partida, período em que se apontaram dois golos. Uma ponta final de loucos que contrastou com o resto do jogo. Portugal viu esfumar-se a possibilidade de apuramento para o Campeonato do Mundo mas continuar a registar uma evolução muito grande e o futuro parece risonho.
As portuguesas sabiam que só uma vitória lhes permitiria continuar a sonhar com a presença em França no próximo ano e a postura no primeiro tempo deu conta disso mesmo. Um equipa personalizada, a mandar no jogo e a remeter as belgas para o seu meio campo. A bola ia rodando de pé para pé sem que, contudo, qualquer das balizas estivesse em perigo iminente. Nesse particular, a sonolência ia tomando conta do estado de espírito daqueles que acompanharam a partida.
A etapa complementar haveria de trazer maiores motivos de interesse, desde logo porque a Bélgica – a jogar perante o seu público e com perspetivas de se aproximar do primeiro lugar ocupado pela Itália – ajustou as peças e a máquina começou, finalmente a engrenar. Um par de aproximações à baliza de Inês destapavam a menor capacidade das portuguesas que, valha a verdade, é cada vez menos evidente, fruto do trabalho que vem sendo desenvolvido e que permite a Portugal, até, manter uma série admirável de seis jogos consecutivos sem derrotas (quatro vitórias e dois empates).
Corria o minuto 50’ quando Raquel Infante colocou a mão no ombro da adversária dentro da grande área. Perplexa, viu a juíza da partida apitar para a marca da grande penalidade. Um excesso de zelo que haveria de ver a justiça reposta quando Wullaert enviou a bola ao poste. O nulo mantinha-se e chegava a hora de Jéssica Silva começar o seu show à parte. Qualidade técnica acima das demais que deixou a pensar do que seria capaz de oferecer à equipa se já estivesse a jogar desde o início.
O tempo corria e o desfecho adivinhava-se, mas uma desatenção defensiva permitiu que De Caigny, completamente solta, batesse uma desamparada Inês Pereira na sequência de um pontapé de canto. O relógio marcava 91 minutos, mas do outro lado a crença e a revolta foram grandes demais para que a conformação se efetivasse. Vai daí, Jéssica Silva tira um coelho da cartola e oferece o golo a Carolina Mendes, que só não o festejou porque a defesa belga pensou ser ela a guarda redes e travou a bola com as mãos antes de esta entrar na baliza. Era o último lance da partida e a oportunidade perfeita para Dolores repor a igualdade. E assim foi.
Como jogou a Bélgica: Odeurs, Deloose, Jaques, De Neve, Philtjens, Eboa, Van Gorp. De Caigny, Biesmans, Cayman e Wullaert.
Substituições: Vanmechelen por Van Gorp e Zeler por Biesmans.
Como jogou Portugal: Inês Pereira, Matilde, Raquel Infante, Carole Costa, Ana Borges, Tatiana Ferreira, Dolores Silva, Cláudia Neto, Vanessa Marques, Diana Silva e Andreia Norton.
Substituições: Jéssica Silva por Andreia Norton e Carolina Mendes por Cláudia Neto.