Na atualidade, e ainda que não tanto como num passado recente, o futebol tende a ser analisado, sobretudo por parte dos adeptos, com recurso substancial à estatística. Os treinadores são avaliados com base nos resultados desportivos que obtêm (esquecendo-se frequentemente a qualidade dos futebolistas que têm ao seu dispor), os avançados são avaliados com base no número de golos que marcam (esquecendo-se frequentemente a capacidade que a equipa apresenta para lhes fazer chegar a bola em boas condições para finalizar), os médios ofensivos são avaliados com base no número de assistências que fazem para golo (esquecendo-se frequentemente o número de lances de perigo potencialmente perdidos caso a decisão dos mesmos tivesse sido outra que não a procura pelo último passe).
É com base na sua qualidade de drible, mas também nas suas estatísticas, que os adeptos sempre tenderam a considerar, por exemplo, que Ricardo Quaresma é um excelente futebolista. As 56 assistências para golo realizadas em 216 jogos de dragão ao peito sempre foram apontadas como indicador de sucesso da passagem do atleta pelo FC Porto. Contudo, tende a subvalorizar-se o contexto no qual essas assistências são realizadas, sendo que tal apenas pode ser analisado observando atentamente o jogo. No caso particular de Ricardo Quaresma é irrefutável a sua qualidade nos duelos individuais, mas também é evidente que as 56 assistências para golo realizadas ao serviço do FC Porto resultaram mormente de cruzamentos para a área, arma da qual o futebolista usa e abusa levando, em alguns casos, à não criação de oportunidades flagrantes de golo caso a opção fosse outra que não cruzar a bola para a área.