O jogo do FC Porto frente ao FC Paços de Ferreira da passada semana foi marcado, para a generalidade dos adeptos portistas, por um empate sem golos que acabou por permitir ao SL Benfica distanciar-se na liderança da Liga NOS. Porém, o encontro marcou igualmente o regresso ao 11 inicial de Rúben Neves e, acima de tudo, uma exibição do jovem médio portista que evidenciou o que este pode trazer de diferente à equipa, na posição de trinco, relativamente a Danilo Pereira.
O que se pretende colocar em discussão não é a qualidade de ambos os futebolistas, mas antes as diferenças entre eles e a forma como essas mesmas diferenças se podem traduzir na dinâmica coletiva da equipa. Assim, se com Danilo Pereira a ocupar a posição de trinco o foco é colocado nos duelos individuais e na transição defensiva, com Rúben Neves este volta-se para a construção e para a transição e/ou organização ofensiva.
Perante este dado importa, desde logo, colocar uma questão para reflexão: na grande maioria dos encontros uma equipa com a dimensão do FC Porto passa mais tempo a disputar o momento defensivo ou o momento ofensivo do jogo?
Até há relativamente pouco tempo Danilo Pereira parecia tratar-se de um dos jogadores mais sobrevalorizados do FC Porto e do futebol português. Tratava-se de um futebolista que na dimensão física do jogo se destacava dos demais mas que apresentava problemas significativos mesmo ao nível do posicionamento. Porém, e sobretudo desde que Nuno Espírito Santo se encontra ao leme da equipa, Danilo ganhou agressividade na reação à perda da bola e, principalmente, uma maior capacidade de ocupação de espaços (sendo agora muito eficaz, por exemplo, a fechar os espaços interiores à progressão da equipa adversária). Contudo, e pese embora o facto de ser um futebolista que, pela sua velocidade, consegue progredir rapidamente com bola em transição ofensiva, este apresenta lacunas ao nível da tomada de decisão e da técnica de passe que limitam a ligação do jogo entre linhas.
Foto de Capa: Facebook Oficial de Rúben Neves