Especial Clássico: Sporting 0-0 FC Porto (Taça da Liga)

    No último clássico de 2013, o Sporting recebeu o FC Porto num jogo a contar para a Taça da Liga. O duelo foi dominado pela equipa da casa mas o placard acabou por não sofrer nenhuma alteração até ao apito final: 0-0 foi o resultado. O Bola na Rede, em mais um “Especial Clássico”, traz-vos as visões de Fábio Lima (Sporting) e Francisco Manuel Reis (FC Porto) sobre as incidências da partida.

     
    Sporting Clube de Portugal

    O Sporting entrou hoje em campo com três alterações no onze titular habitual – Rui Patrício, Maurício e Montero cederam os seus lugares a Marcelo Boeck, Eric Dier e Slimani. Apesar de se entrar em todos os jogos para ganhar, a Taça da Liga, como troféu secundário no panorama nacional que é, não será nunca uma das prioridades de Sporting ou FC Porto. A importância deste jogo para as ambições leoninas era, em grande parte, a nível motivacional. Ganhar ao F.C.Porto era importante para os jogadores do Sporting perceberem que conseguem ganhar ao FC Porto. Embora isso não tenha acontecido, ficou bem visível no relvado de Alvalade que o Sporting é, sem dúvida alguma, capaz de vencer o rival da Invicta. Segura durante quase todo o encontro, a equipa leonina conseguiu impor o seu jogo, trocar a bola e reduzir a uma quase total nulidade os lances ofensivos do adversário. O FC Porto praticamente não criou oportunidades neste clássico, contando com uma defesa certa e um super-Fabiano a fazer lembrar os tempos do Olhanense para manter o nulo. Com Slimani a titular, o Sporting ganhou capacidade para ganhar os lances aéreos no meio-campo do Porto, tendo o argelino segurado muitas bolas e distribuindo-as com critério aos seus companheiros de equipa. Este facto, aliado a um meio-campo leonino que se soube impor e comandar o jogo, deu o domínio do encontro à equipa da casa. William Carvalho a ser William de Carvalho (peço desculpa mas já não consigo arranjar adjectivos para descrever as exibições do camisola 14 do Sporting), André Martins a dar-se ao jogo e a levar o Sporting para a frente e Adrien a dar um autêntico grito de Alvalade, onde proclamou bem alto “Selecção ou cegueira do Paulo Bento!”. Faltaram oportunidades claras de golo, tendo as duas mais evidentes sido desperdiçadas pelo recém-entrado Vítor. Não fosse Fabiano…
    De lamentar a clara perda de tempo realizada pelos jogadores do FC Porto durante praticamente todo o encontro. O Fabiano que via bem as bolas para as defender era o mesmo que segundos depois não via bola alguma para retomar o jogo. Só o Sporting quis ganhar este clássico. O empate sem golos soube a derrota.

    Adrien foi uma das figuras do encontro / Fonte: A Bola

    Classificação dos Jogadores:

    Marcelo Boeck (6) – Um mero espectador neste jogo. Defendeu o remate de Licá à passagem do quarto de hora e pouco mais. A titularidade foi-lhe dada justamente e esperava-se que tivesse mais oportunidades para se mostrar.

    Marcos Rojo (8) – Realizou uma das exibições mais seguras ao serviço do Sporting. Atento, rápido e autoritário, foi o pilar da zona central defensiva dos leões.

    Eric Dier (7) – A maior surpresa no onze inicial leonino realizou, a par da restante defesa, uma exibição quase sem erros defensivos. O jovem inglês pecou onde mais tem pecado esta época quando joga: no capítulo do passe.

    Cédric (8) – Exibição seguríssima do jovem lateral direito português. Como habitualmente, fez todo o corredor direito. Incansável, mostrou-se certo a defender e mais do que útil a atacar. Realizou menos cruzamentos do que o habitual.

    Jefferson (7) – Seguindo a toada de toda a defesa do Sporting, Jefferson esteve bem defensivamente. Subiu no terreno sempre que lhe foi possível, mostrando pormenores interessantes a nível ofensivo.

    William Carvalho (8) – A mostrar, mais uma vez, uma segurança e uma maturidade não muitas vezes observada num jovem de 21 anos. O pilar defensivo do meio-campo leonino recuperou inúmeras bolas, entregando-as, na maior parte das vezes, “redondinhas” nos pés dos médios ofensivos. Anulou Carlos Eduardo, o elemento em destaque nos últimos jogos do FC Porto, retirando poderio ofensivo à equipa comandada por Paulo Fonseca.

    André Martins (7) – O pequeno grande médio leonino conferiu dinâmica ao processo ofensivo leonino. Funcionando muitas vezes como segundo avançado, pressionou sempre bem a defesa contrária. Com a bola nos pés, procurou sempre desequilibrar e realizou alguns passes de elevada categoria.

    Capel (6) – Exibição certa do extremo espanhol. Sem grandes rasgos, fez o que lhe competia defensivamente. Não causou grandes desequilíbrios, flectindo muitas vezes para o meio. Esperava-se mais do espanhol num jogo grande.

    Wilson Eduardo (7) – O extremo português esteve bem no jogo, mostrando pormenores interessantes. Criou mais desequilíbrios que Capel, abrindo muitas vezes a defesa portista. Teve um remate digno de registo aos 26 minutos, para defesa segura de Fabiano.

    Slimani (6) – Esperava-se que fosse titular no clássico de hoje e Leonardo Jardim assim o decidiu. O argelino já merecia a primeira titularidade da época. Mesmo não tendo oportunidades dignas de registo (a única seria um cabeceamento por cima da baliza de Fabiano ainda na primeira parte), mostrou-se um elemento importante do ataque leonino ao ganhar e segurar muitas bolas perto da área do F.C.Porto.

    Montero (6) – Começou o jogo no banco, entrou ao minuto 63 e entrou bem. Participou, e muito, no processo ofensivo da equipa, não chegando a ter qualquer oportunidade de golo.

    Carrillo (6) – O peruano entrou bem em campo, desequilibrando no seu flanco. Acabou por ser prejudicado com a expulsão de Carlos Eduardo, já que, com dez, o Porto recuou no terreno, roubando espaço para Carrillo usar uma das suas maiores armas: a velocidade.

    Vítor (-) – O médio ex-Paços de Ferreira esteve pouco tempo em campo. Teve, no entanto, nos pés duas oportunidades de golo. Desperdiçou-as.

    Melhor em Campo: ADRIEN (9) – Sem dúvida, o melhor elemento em campo no clássico de Alvalade. Jogou, fez jogar e deixou a pele em campo. Incansável no trabalho defensivo, qual carraça, não descolava do adversário sem recuperar a posse de bola. Foram inúmeras as recuperações de bola realizadas, hoje, pelo camisola 23 do Sporting. Com a bola nos pés foi aquilo a que já nos vem habituando: o construtor de jogo dos leões. E que bem o fez! Com a exibição de hoje trouxe uma questão à memória de muitos portugueses: não será Adrien já merecedor de um lugar no meio campo da selecção portuguesa?

     

    Fábio Lima

    Futebol Clube do Porto

    O FC Porto apresentou-se hoje em Alvalade sem três das principais referências da equipa – Helton, Lucho e Jackson cederam os respectivos lugares no onze inicial a Fabiano, Herrera e Ghilas. Paulo Fonseca voltou a apostar no duplo pivot, recuando Herrera para junto de Fernando e os problemas antigos da equipa voltaram a manifestar-se: os azuis e brancos nunca foram capazes de fazer uma circulação consistente no meio-campo adversário, denotando enormes dificuldades em sair da primeira fase de construção; raramente conseguiram levar a bola em condições ao ponta-de-lança e revelaram uma incapacidade gritante para construir jogadas de perigo. O Sporting defendeu muito bem, pressionando alto e importunando permanentemente o portador da bola. Carlos Eduardo, o grande responsável pela melhoria da equipa nos últimos jogos do FC Porto, foi sempre muito bem vigiado e os extremos revelaram-se impotentes perante a defesa leonina – lutaram muito e produziram pouco. O Sporting foi sempre muito mais clarividente, muito mais acutilante e muito mais decidido na hora de atacar e acabou por estar por cima durante a maior parte dos momentos. A haver um vencedor teria sempre de ser o Sporting. Em suma, o FC Porto voltou às exibições marcadas pela mediocridade e despediu-se de 2013 sem o brilho que ameaçara ter reconquistado nos desafios anteriores.

    Fabiano foi um dos grandes responsáveis pela manutenção do nulo / Fonte: MaisFutebol

    Classificação dos Jogadores:

    Danilo (6) – Incapaz de dar profundidade e largura ao futebol do FC Porto e demasiado permeável a defender. Aventurou-se demasiado por terrenos que não são os seus e desprotegeu o seu flanco com mais frequência do que o habitual.

    Alex Sandro (6) – Teve muito trabalho e foi ultrapassado várias vezes por Wilson Eduardo. Mais forte a atacar do que o seu colega do lado oposto, pese embora com poucos reflexos práticos. Fica na retina o grande passe para o primeiro remate de Ghilas.

    Maicon (7) – Foi dos melhores em campo no conjunto portista. Imperial no jogo aéreo, sempre calmo e concentrado, demonstrou uma vez mais que é um dos verdadeiros dragões no plantel.

    Mangala (7) – Este igual a si próprio: impressionou pela capacidade física, pela leitura de jogo e pelo carácter. Não foi por ele que a equipa jogou pior.

    Fernando (7) – Tentou, como sempre, levar a equipa para a frente. As suas arrancadas, galgando metros em com a bola controlada, começam a ser uma imagem de marca. Pena ter tido tantas vezes um desinspirado Herrera no seu raio de acção. Está num excelente momento de forma e tem uma personalidade gigante dentro de campo. Lamentavelmente, saiu lesionado.

    Herrera (5) – O pior do FC Porto. Não soube lidar com a pressão, falhou demasiados passes e perdeu demasiadas bolas. Além disso, pareceu nunca saber exactamente que zonas do campo ocupar. A sua performance negativa custou-lhe a substituição no início da segunda parte.

    Carlos Eduardo (6) – Foi o motor do meio-campo nos últimos encontros do campeonato. Hoje, mostrou pormenores técnicos deliciosos – como sempre – mas nunca foi capaz de se soltar das amarras criadas pelo trio do meio-campo do Sporting. Acabou por ser expulso… injustamente, diga-se.

    Varela (6) – Não conseguiu criar mossa. Batalhou muito, ajudou a defender e recuperou algumas bolas mas não cumpriu a sua missão de desequilibrar e romper a defesa sportinguista. Muito mais empenho do que desempenho.

    Licá (6) – O esforço, a dedicação, a abnegação e a raça são os seus maiores predicados. Isso não chega para ser titular no FC Porto. Produziu pouco.

    Ghilas (6) – Tem tido muito poucas oportunidades de mostrar o que vale. Hoje jogou 75 minutos sem que a bola lhe chegasse em condições. Tentou o bonito na melhor ocasião do FC Porto na partida e falhou. Precisa de jogar mais tempo para ganhar o entrosamento necessário.

    Lucho (7) – Entrou bem, procurando estabilizar o meio-campo dos dragões. A postura de El Comandante foi insuficiente para fazer a diferença.

    Defour (6) – Rendeu Fernando e foi mais do mesmo: jogando como médio mais recuado, foi certinho e seguro como é costume.

    Jackson (-) – Um quarto de hora não chegou para causar qualquer impacto na partida. Ainda para mais, o FC Porto acabou o jogo com dez unidades e em sofrimento.

    Melhor em Campo: FABIANO (8) – Foi um monstro. Defendeu tudo o que havia para defender, esteve muito concentrado e transmitiu muita serenidade à equipa. O lance em que defendeu três remates seguidos demonstra bem todas as suas grandes qualidades – seguro a sair-se dos postes, fortíssimo entre eles. Peca pelo péssimo jogo de pés, que custou à equipa uma série de bolas bombeadas para fora.

    Francisco Manuel Reis

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