Estará o céu do Dragão estrelado?

    serefalaraporto

    Ao longo da história, sempre existiram jogadores categoricamente apelidados de estrelas. Salvo algumas exceções, estes jogadores são os mais mediáticos, aqueles que mais golos marcam e cujo nome fica rapidamente na memória dos seus adeptos. Porém, estas estrelas possuem, muitas vezes, egos enormes! Consideram-se “os melhores do mundo” e sentem-se na obrigação de decidir os encontros sozinhos.

    Candidatos a estrelas há muitos! Estrelas momentâneas também surgem com frequência. Todavia, para que um jogador se torne “histórico”, mais do que tornar-se uma estrela, é preciso saber manter esse estatuto. Para tal, é necessário lidar com a pressão individual, na medida em que estes jogadores procuram ultrapassar as suas metas, e ainda lidar com toda a envolvente, dadas as elevadas expectativas que existem em seu torno. Evidentemente, isto só é possível quando existe uma capacidade cognitiva forte. Em frente ao guarda-redes, as estrelas podem hesitar, mas raramente falham! De facto, existem muitos jogadores com grande qualidade individual; no entanto, só os mentalmente mais capazes “sobrevivem”!

    Nos últimos anos, o Porto tem tido várias candidatos a estrelas, sendo o caso de Iturbe o mais flagrante. Este jogador chegou do Paraguai com um talento individual enorme. Contudo, para além da escassa cultura tática que possuía, tinha uma característica muito usual nas vedetas: o individualismo.

    O plantel portista atual engloba um número vasto de referências futebolistas, muitas das quais são ídolos das crianças! Quantas destas sonham tornar-se um deles? Possivelmente, o exemplo maior é Ricardo Quaresma. Quando começou a despertar para o futebol sénior, Quaresma era uma grande promessa! Inclusive, muito melhor do que Cristiano Ronaldo (dizia-se)! A grande discrepância existente entre estes jogadores foi precisamente no ramo mental! Ao contrário de Ronaldo, Quaresma não soube tomar as melhores opções ao longo da sua carreira, quer na vida pessoal, quer na vida profissional. Por conseguinte, Ronaldo será uma eterna estrela do futebol, enquanto Quaresma será um ídolo momentâneo.

    Faltou a Quaresma força mental para adquirir outro estatuto  Fonte: UEFA / Getty Images
    Faltou a Quaresma força mental para adquirir outro estatuto
    Fonte: UEFA / Getty Images

    Deste modo, um espetador mais atento aperceber-se-á de que existe precisamente uma “crise de egos” no FC Porto. O ideal “um por todos, todos por um” parece ter desaparecido, com o individual a querer destacar-se nas últimas partidas. Quaresma quer mostrar que merece jogar na equipa, acabando por não conseguir dar o melhor seguimento às suas intenções. Também Quintero, por não ser opção regular de Lopetegui, procura sempre “definir rápido” e provar ser candidato a estrela. Mas Tello é indiscutivelmente o exemplo mais notório. O miúdo-maravilha, a quem ainda pesa o desenvolvimento na cantera do Barcelona e a sua passagem pela equipa principal dos blaugrana, tem demonstrado achar-se “o melhor do mundo”. Em vários momentos optou pela individualidade em detrimento do coletivo. Certamente que os adeptos não esquecerão tão cedo o lance no final do jogo contra o Sporting! Será “alérgico” a assistências? Todavia, o caso português esta longe de ser único – o maior exemplo disto são os galácticos do Real Madrid. Interroguemo-nos: em quantas épocas o clube tem tido os melhores jogadores do mundo para cada posição e não ganha nenhum título?

    Sumariando, enquanto uma estrela não for capaz de aceitar que precisa da ajuda do coletivo para vencer será difícil a Lopetegui ou a qualquer treinador atingir os resultados esperados. Neste caso particular, será uma tarefa árdua para o treinador espanhol, que defende a premissa “o coletivo faz sobressair o individual”, formar uma constelação, ou seja, unificar a sua equipa.

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    João Luís Martins
    João Luís Martins
    Sócio do FC Porto desde o dia em que nasceu, é apaixonado por desporto e treinador de futebol.                                                                                                                                                 O João não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.