Foi com grande expetativa que um Dragão bastante “esburacado” recebeu José Peseiro no primeiro jogo oficial do português como treinador do FC Porto. Uma expetativa por saber até que ponto é que o famoso treinador do “quase” iria começar o seu trajeto azul-e-branco. Com uma vitória, foi a resposta do novo comandante que não reservou surpresas no onze inicial que fez alinhar frente ao Marítimo. Casillas manteve-se na baliza, o eixo da defesa também se manteve e o ferrari continuou na garagem em detrimento de Herrera e André André. Mas até que ponto é que as ideias que marcaram o futebol da era Lopetegui iriam influenciar a equipa neste encontro?
Aos dois minutos, um corte deficiente de Layún deixou a bola à vontade de Marega mas o avançado maliano atirou torto para a bancada. Não demorou muito até que o FC Porto de Peseiro se apresentasse aos adeptos azuis-e-brancos. Layún ávido pelo corredor central, muita mobilidade posicional de Brahimi e Corona e privilégio pela circulação de bola e pelo desequilíbrio pelo corredor central. Contudo, a relutância em esquecer as ideias antigas era notória e o FC Porto continuava a cometer vários erros desnecessários.
Aos vinte e dois minutos, Salin carregou o FC Porto às costas. Depois de encostar o Marítimo às cordas, os azuis-e-brancos chegaram ao golo após uma jogada de insistência. Salin ainda aliviou o primeiro cruzamento mas a bola sobrou para Layún, que se encontrava à entrada da área maritimista e ultrapassou um primeiro adversário antes de assistir André André. O internacional português rematou de primeira, pleno de intenção, atirou à barra e viu a bola bater, caprichosamente, nas costas de Salin antes de entrar na baliza.
A resposta do Marítimo não se fez esperar e, no minuto seguinte, muita sorte para o FC Porto, que quando via a bola aproximar-se da área de Casillas via Peseiro a gritar “Ai meu Deus…”. Aos vinte e cinco minutos, uma desatenção imperdoável da defensiva portista permitiu que Marega surgisse solto na área mas o maliano acabou por cabecear ao poste.
A falta de inspiração das duas equipas era notória e acabou por culminar num vazio de ideias até ao intervalo. Tal como a falta de qualidade do árbitro da partida, que já tinha penalizado o FC Porto ao não assinalar grande penalidade sobre Maxi e ao conseguir ver foras-de-jogo inexistentes. Referência também para o facto de no golo do FC Porto a bola ir ao braço de Aboubakar, podendo-se aceitar reclamações pela passividade do senhor do apito também neste caso.
A dificuldade em chegar ao último terço era notória no futebol praticado pelos dragões, fruto da enorme incapacidade em criar no último terço. Contudo, quando o FC Porto conseguia finalmente alguma inspiração coletiva, o árbitro da partida tratava de voltar a negar a possibilidade de golo. Sim, fala-se de mais uma grande penalidade não assinalada sobre Maxi e de mais um fora-de-jogo mal tirado a Corona quando este surgia isolado frente a Salin.
Depois da estreia de Suk no estádio do Dragão, houve uma enorme possibilidade para o FC Porto de aumentar a vantagem. Grande passe de Danilo para as costas da defensiva, onde acabou por surgir Corona com a bola controlada. Pressionado, o mexicano só tinha de passar para o lado onde aparecia Suk completamente sozinho. Preferiu rematar, em arco e cheio de intenção. A defesa de Salin é bastante boa mas pedia-se mais ao Tecatito.
A baliza do Marítimo foi ameaçada apenas por uma vez na segunda parte, o que acaba por refletir a avidez e a exigência dos adeptos portistas de que a equipa produza algo mais. Sabia-se que seria complicado ver algum trabalho de José Peseiro nesta partida e que o mais importante era a aquisição dos três pontos para não perder a corrida para o título. Eles acabaram por ficar no Dragão e por premiar a equipa que mais fez por vencer a partida. A continuar assim, o Marítimo de Nelo Vingada irá passar por muitos apertos…
A Figura:
95% dos adeptos portistas – sofreram mas viram o FC Porto vencer. Quando as coisas corriam mal, aos primeiros assobios dos 5% de adeptos pipoqueiros, os 95% dos adeptos portistas batiam palmas. Foram estes que carregaram a equipa às costas.
O Fora-de-Jogo:
João Ferreira – não costumo criticar arbitragens porque não gosto de que sejam desculpa para a inoperância da equipa. Neste jogo, porém, o FC Porto não jogou bem e o árbitro João Ferreira ainda procurou (deliberadamente ou não) limitar o jogo dos portistas.
Foto de Capa: FC Porto