Hoje recuamos uns (bons) anos na história do futebol português e, concretamente, do FC Porto, para recordarmos o inesquecível Fernando Pascoal Neves. Dito assim fica difícil de perceber de quem se trata, mas se tivermos em conta a alcunha, Pavão, tudo se torna mais claro. Corria de braços abertos, pelo que ficou assim conhecido no mundo do futebol.
O talento e a visão de jogo eram inegáveis, mas o que deixa o nome de Pavão gravado, dramaticamente, na história portista, remonta ao minuto 13 da jornada 13 do campeonato de 1973, quando o FC Porto recebia nas Antas o Vitória FC. Na altura com 27 anos, Pavão era o capitão dos azuis e brancos e nada, mesmo nada, faria prever o fim trágico da vida do futebolista que cedo se afirmara como um dos melhores jogadores portistas.
“Vi-o mandar avançar a equipa, a passar a bola ao Oliveira e a cair de bruços na relva. Quando cheguei ao pé dele, tinha os olhos a revirar, estava todo encolhido e percebi que era muito grave”, conta Rodolfo Reis, o companheiro com quem dividia o corredor e, por conseguinte, o primeiro a socorrê-lo.
No intervalo da partida os jogadores foram informados de que Pavão estaria estável, no hospital. Pura mentira já que, no final do jogo, pelos altifalantes do estádio, todos souberam que o pior cenário se confirmaria. Pavão havia mesmo falecido em campo, a 16 de dezembro de 1973, com 27 anos.
Natural de Chaves, chegara ao FC Porto em 1966 para integrar a equipa de juniores, mas cedo fez saber, por via do talento que espalhava em campo, que o seu lugar era nos seniores. Na altura o acompanhamento médico aos jogadores era quase nulo e a ingestão de suplementos vulgarmente designados de doping uma constante. Com base nesse pressuposto, atualmente são poucos os que creem na teoria de morte natural.
Ao fim de 179 jogos e 16 golos na I Divisão, ao serviço do FC Porto, e seis internacionalizações ao serviço de Portugal, o país não estava pronto para ver partir um dos seus melhores futebolistas da época.
Foto de Capa: Blog “Memória Portista”
Artigo revisto por: Jorge Neves