Nota de arrependimento

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    “Acalmia”, “serenidade” e “sossego”. Foram estas as palavras que utilizei para caraterizar o defeso do FC Porto. E era algo incontornável… Até há uns dias. A primeira notícia que associou Iker Casillas ao FC Porto foi o ponto de viragem. O marco que sinaliza o “antes” e o “depois” da pré-época azul e branca.

    Por isso, está aqui este texto, caro leitor. Linhas que vão servir como nota de arrependimento, face às palavras escritas. A verdade é que a agitação no seio do clube passou do oito aos oitenta no espaço de dois dias. Casillas, Drogba, Llorente… Já para não falar de Maxi, que, face ao arrastamento da sua suposta contratação, ameaça transformar-se num caso típico de silly season.

    Mas cada caso é um caso. Começando pela já mais que provável vinda de Iker Casillas para o FC Porto, não posso fugir àquela que, para mim, será a realidade: o guarda-redes da seleção espanhola já não está no seu nível mais elevado, mas a maioria das qualidades continuam intactas. Embora os seus valores salariais sejam elevadíssimos para a conjuntura portuguesa, o retorno desportivo e financeiro acabará por beneficiar os ‘dragões’. É que Iker não vai trazer só prestígio. Vai trazer marcas, sponsors e mais atenção mediática, algo que, mais do que nunca, é (quase) tão importante para um clube de topo como os resultados e os troféus.

    Para o lugar de Jackson Martínez, há dois nomes sobre os quais se concentraram os holofotes: Didier Drogba e Fernando Llorente. Sendo que a hipótese Mitrović perdeu força, penso que qualquer um dos dois pontas-de-lança seria um digno substituto do ‘Cha Cha Cha’. Drogba conta com uns assinaláveis 37 anos no documento de identificação, mas é preciso não esquecer que alinhou em 40 partidas pelo Chelsea, na temporada transacta. Já denota alguma dificuldade a nível de movimentos rápidos e velocidade, mas a experiência e conhecimento do jogo contrabalançam essas fragilidades. Llorente entrou recentemente na casa dos 30, e viu o seu espaço na Juventus reduzido, com as chegadas de Dybala, Zaza e Mandžukić. Entre os dois, a aposta mais acertada seria, porventura, o espanhol. Sou um admirador assumido de Drogba, mas, nesta fase, o internacional espanhol pode dar mais garantias competitivas ao FC Porto, ainda que tenha de rever alguns aspetos do seu jogo para encaixar no sistema de Lopetegui.

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    Llorente tem vindo a perder espaço na ‘Juve’
    Fonte: Página de Facebook de Llorente

    O que têm em comum estes três jogadores? Representam um investimento elevado no que toca ao pagamento dos seus serviços. Já não são jovens. O que surge como indicativo da mudança de filosofia que o FC Porto aparenta estar a atravessar. Uma mudança que, de certo modo, se pode considerar necessária. Depois de duas épocas fracassadas, há uma urgência enorme de ganhar e só jogadores consagrados e com estofo de alta competição isso se pode alcançar. O Porto viu o Benfica levar de vencida os dois últimos campeonatos porque lhe faltou experiência e maturidade na hora H. Algo que o Benfica adquiriu nas duas últimas temporadas.

    Agora, os adeptos portistas têm que se convencer de uma coisa: para vitórias imediatas, o investimento tem de ser igualmente imediato. E forte. É um all-in que a SAD está a fazer, mas que aproxima muito mais os azuis e brancos dos títulos desejados e necessários. Se estou receoso? Claro. Poucos serão os portistas que não estão. Mas prefiro arriscar e ver o clube partir à frente ou, pelo menos, na mesma linha dos rivais. Portanto, venham os “velhotes” e que se vá o dinheiro. Desta vez, a aposta é na certeza de estar, efetivamente, “sempre preparados”. Na certeza de qualidade que os anos não apagam. E que, decerto, este ano não irá apagar.

    Foto de capa: Página de Facebook de Iker Casillas

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    Francisco Sebe
    Francisco Sebehttp://www.bolanarede.pt
    "Acordou" para o desporto-rei quando viu o FC Porto golear a Lazio, no dilúvio das Antas. Análises táticas e desportivismo são com ele, mas o amor pelo azul e branco minimiza tudo o resto.                                                                                                                                                 O Francisco não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.