O FC Porto somou três pontos frente ao Arouca à custa de uma boa exibição coletiva e de laivos de imensa qualidade por parte de certos jogadores. A paragem do campeonato foi claramente benéfica para o grande rival do FC Porto, mas também o foi para os dragões.
No jogo de Arouca viu-se uma melhor e mais eficaz ligação entre os setores, possivelmente derivada das alterações que Julen Lopetegui fez no onze inicial. O Porto beneficiou da maior visão de jogo de Rúben Neves e da melhor saída de bola do jovem. Se Danilo se tem provado deveras competente na posição de trinco, arrisco dizer que nunca poderá ser tão bom a lançar o jogo ofensivo como Rúben é. No entanto, a permeabilidade defensiva aumenta sem Danilo Pereira em campo e, se ontem o problema não foi de maior, é necessário ter este dado em conta em partidas cujo grau de dificuldade seja maior. Depois, a evidência: Herrera atravessa um momento de forma ambíguo. Se, neste início de temporada, vimos o mexicano a arrastar-se em campo pelo Porto, na seleção azteca há um médio sagaz, que assume todo o jogo e que é o pêndulo da equipa. A mudança de chip não é fácil de explicar e ultrapassará, com toda a certeza, a dimensão meramente desportiva, mas fiquei contente por ver que Lopetegui reparou nisso e resolveu mudar.
André André, que desde a pré-época tem vindo a mostrar os atributos que lhe valeram a transferência para o FC Porto, foi finalmente titular e o jogo da equipa só beneficiou disso. Dinâmico, versátil (acabou o jogo na ala), foi o motor de jogo. Defensiva e ofensivamente, conseguiu equilibrar as funções e protagonizou uma excelente exibição.
Na frente de ataque, espaço para a estreia de Jesús Corona. As suspeitas confirmam-se: o mexicano é de craveira. No sítio certo para bisar, será muito útil ao FC Porto pela imprevisibilidade que empresta ao jogo e pela capacidade de ser um “vagabundo” da frente de ataque; em vez de se colar a uma ala, prefere deambular pelos vários setores ofensivo, ora para construir jogo, ora para ser o “abre-latas” que a equipa procura em situações mais apertadas. Arrisco mesmo dizer que será um luxo seguir um FCP com Corona e Brahimi em campo, em simultâneo. Quem ganha é Aboubakar. Aboubakar? Sim. O ponta-de-lança está a provar-se um homem à altura do desafio.
O seu raio de ação não se cinge à grande-área. Nota-se que procura replicar aquilo que Jackson fazia e, não sendo o colombiano, tem dado boa conta do recado. Segura bem a bola, arrasta defesas e tem poder de explosão, além do instinto matador e do remate potentíssimo. Os ingredientes já estão juntos e o caldo já começa a cozinhar. O motor já faz barulho. O FC Porto vai dando sinais aos adeptos de que é possível dar-lhes alegrias e bons momentos de futebol. Começou um ciclo difícil (Arouca, Dínamo de Kiev, Benfica, Moreirense e Chelsea), mas os comandados de Lopetegui parecem estar prontos. Há motivos para um pensamento positivo.