Capacidade no jogo aéreo, excelente ocupação de espaços, início de construção e eficácia defensiva (nomeadamente na recuperação da bola) são alguns dos handicaps mais visíveis neste “novo” FC Porto sem Danilo Pereira. Começando pelo momento defensivo, talvez o menor dos problemas – já que não se prevê grande exposição da equipa nesse momento do jogo nas provas internas -, a falta do “Comendador” não resulta em muitos alarmes, uma vez que, tanto Sporting CP como o Moreirense FC não tiveram arte nem engenho para criar grandes dificuldades ao FC Porto. Acima de tudo, fica a clara ideia de que se deveu ao mérito próprio a incapacidade para a equipa sair vitoriosa dos dois últimos jogos.
A escolha para o lugar do internacional português tem recaído em Herrera, o que, face à ausência de Marcano no jogo com o Moreirense FC, até se compreende. Caso contrário, Diego Reyes seria a opção mais lúcida para o lugar. Na comparação entre os dois mexicanos, o ‘central’ ganha pontos na precisão de passe (algo que faltou, e muito, a Herrera no último jogo para o campeonato), e esse acaba por ser um aspeto muito importante. Jogando contra a maioria das equipas deste campeonato, que se fecham bastante, seria importante que, na primeira zona de construção, o FC Porto tivesse um jogador com capacidade para, se não queimar linhas através da progressão, então para as queimar através de passes a rasgar os setores adversários. Herrera não é, de todo, um jogador com essas caraterísticas, uma vez que lateraliza demasiado o jogo do FC Porto ao invés de o verticalizar.
Assim, creio que também Sérgio Oliveira, que entrou muitíssimo bem em Moreira de Cónegos, poderia ser uma mais-valia neste capítulo do passe, mas também na recuperação de bola. Foi possível, no meio do chuveirinho habitual que o final do jogo impunha, detetar alguns momentos de lucidez do português para encontrar caminhos alternativos e bem mais eficazes, desde logo o passe que deu início à jogada que culminou com o golo anulado a Waris.
No fundo, julgo que Herrera não se configura como a melhor opção para fazer de Danilo – já que é precisamente nessa posição que voltamos a ver o ‘velho’ Herrera, lento, errático e, aparentemente, desconcentrado. A posição “6” portista exige alguém com boa capacidade e visão de jogo, que faça a bola circular rapidamente (à imagem do que fazia Rúben Neves) e que, ao mesmo tempo, saiba posicionar-se corretamente no momento defensivo para recuperar a bola o mais rapidamente possível.
Foto de Capa: FC Porto
Texto revisto por: Teresa Lopes