Uma equipa refém de um treinador

    dragaoaopeito

    Nunca antes tinha visto um Porto tão refém das escolhas de um treinador. Paulo Fonseca quer manter-se fiel a si mesmo e às suas ideias e continua a não abdicar delas para ver um Porto a jogar bom futebol.

    O último jogo contra o Sporting é o perfeito exemplo dos erros imaturos que o treinador português continua a cometer à frente da equipa. A meu ver, o facto de aquele ter corrido como correu não se deveu tanto ao mérito do Sporting (honestamente continua a ser uma equipa que não me convence, mas a verdade é que pelo menos é notável o esforço que os jogadores têm a vindo a efectuar pela equipa), mas a demérito do Porto. Factores como sorte, arbitragem e condição de visitante/visitado não são, de todo, desculpas credíveis para uma equipa que jogou como jogou. O Porto jogou mal, muito mal, e há muito tempo que não ficava ansiosamente à espera que um jogo acabasse.

    Antes de mais, abordarei o caso Quintero. Não me entra na cabeça não ter sido feito um esforço para que o jogador entrasse nos convocados para este jogo, sendo uma oportunidade para pelo menos mostrar se está à altura ou não de jogos (mais ou menos) importantes. Existiram atrasos originados pela falta de voos entre Colômbia e Portugal, mas em outros casos os jogadores já haviam sido previamente informados para fazer escala em outro destino de forma a chegar a tempo e horas. Este caso começa a ter contornos ridículos de má gestão de plantel, como aconteceu com Iturbe, que não acredito que volte a jogar pelo Porto.

    Quintero deveria ter sido convocado para o último jogo / Fonte: Notícias do Futebol
    Quintero deveria ter sido convocado para o último jogo / Fonte: Notícias do Futebol

    Voltando ao jogo, Paulo Fonseca limitou-se a fazer as alterações básicas para um jogo da fase de grupos da Taça da Liga:
    – Fabiano por Helton. O guarda-redes brasileiro mostrou que pode realmente vir a ser o próximo titular da baliza do Porto, estando perfeito entre os postes sempre que foi chamado a intervir.
    – Ghilas por Jackson. Jackson nem tinha treinado e dessa forma facilitou a inclusão do argelino na equipa. Foi notória a pouca ligação com os alas do Porto e o máximo que o jogador fez foi mostrar trabalho e força, falhando um golo no lance mais perigoso para o Porto em todo o jogo.
    – Herrera por Lucho. No último jogo o mexicano tinha entrado bastante bem e não me chocou vê-lo a fazer de 8 neste jogo, fazendo descansar um Lucho que não tem estado particularmente bem nos últimos jogos. Pareceu-me, no entanto, que Herrera estava a jogar muito perto de Fernando e, além disso, conseguiu falhar passes inacreditáveis e fazer um péssimo jogo (ao nível do fantástico jogo em que levou 2 amarelos em 1 minuto).

    Contudo, e mesmo sendo um jogo contra um Sporting, não deixa de ser um jogo da Taça da Liga, que o Porto assumidamente sempre desvalorizou. Kelvin ficou no banco enquanto os alas nada fizeram (Varela mostrou os seus habituais níveis de trapalhice e Licá andou em campo a correr, só isso); Josué apenas entrou depois do apito final para a zona mista, quando podia perfeitamente ter tido alguns minutos (ou numa ala ou no meio-campo); e a única substituição opcional (sendo que a saída de Herrera e a de Fernando são justificadas por um jogo absurdo do primeiro e algum toque sofrido pelo segundo) foi incluir Jackson em campo, como se de forma milagrosa algo se fosse alterar.

    Como eu referi no último artigo, não me parece que o Porto necessite de jogadores neste mercado de Inverno, além de um ala já referenciado (Ricardo Quaresma) e alternativas aos defesas laterais. Mas para isso é necessário pelo menos dar mais oportunidades a jogadores como Quintero e Ghilas e, quem sabe, a Tozé ou Pedro Moreira, da equipa B.

    O título perfeito seria: Paulo Fonseca a receber indicações de Helton e Lucho… / Fonte: JN
    O título perfeito seria: Paulo Fonseca a receber indicações de Helton e Lucho… / Fonte: JN

    Paulo Fonseca insistiu no seu triângulo e continua a insistir nos seus jogadores. Ninguém lhe diz que desista. Acho bastante bem que seja um treinador de ideias fixas e não um treinador camaleónico a cada vez que algo corre mal, mas Paulo Fonseca tem que entender o que é treinar o Porto e estes jogadores. Não pode continuar a acreditar que Licá tem valor para ser titular neste Porto, não pode dar primazia a Jackson em todos os jogos, seja em que competição for, quando tem Ghilas ao seu dispor, e muito menos pode desaproveitar os jogadores talentosos que tem no plantel, acabando no ridículo de mostrar-se feliz no fim de um empate num jogo da Taça da Liga contra o Sporting.

    Um treinador do Porto que diz que “em casa do Sporting, o empate é positivo” após um jogo miserável não é um treinador do Porto, é um treinador que por acaso está a treinar o Porto. Não prevejo um futuro fantástico para este treinador, mesmo tendo feito coisas extremamente positivas em todos os clubes por onde passou, mas resta-me esperar pelo melhor. Paulo Fonseca vai a tempo de mudar e o início de um novo ano é a melhor altura para o fazer…

    Boas entradas a todos os leitores!

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    Telmo Esteves
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    “Lisboa tem mais encanto pintada de azul branco”, o lema de qualquer portista de Lisboa que se preze. Em 22 anos, não me cansei de festejar. Com o Dragão longe mas sempre no coração, é demasiado fácil ser campeão.                                                                                                                                                 O Telmo não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.