Estoril Praia a receber o Nacional da Madeira na Amoreira, num jogo teoricamente interessante, entre equipas que estavam ombro-a-ombro na classificação (14 pontos) e candidatas aos lugares europeus. No primeiro tempo, a partida teve um início forte por parte do Estoril, que ia conseguindo imprimir velocidade no último terço do terreno e ia encontrando, aqui e ali, espaços na defesa dos insulares para criar perigo. No entanto, foi mesmo a equipa de Manuel Machado a criar a primeira e última (!) situação de perigo dos primeiros 45 minutos, através de um excelente remate de Salvador Agra à barra da baliza de Kieszek, tendo sido esta a única real chance de perigo. Aos 15 minutos, facilmente se depreende que, a partir daí, o jogo entrou numa toada morna, com as equipas encaixadas no 4-3-3 com que ambos se apresentaram. Posto isto, o nulo ao intervalo não era mais do que o espelho de um jogo vivo e com velocidade mas sem grandes situações de relevo nas duas balizas.
No início do segundo tempo, a equipa da casa repetiu o que havia feito na primeira parte e partiu para cima do Nacional em busca do golo inaugural. Uma boa combinação entre Bonatini e Dieguinho pedia uma melhor finalização (uma das pechas deste Estoril) do segundo, mas foi mesmo a equipa da Madeira a abrir o marcador. Sequeira aproveitou o espaço concedido pela defesa canarinha, colocou a bola na área e Salvador Agra aproveitou um ressalto da bola, após falha de Kieszek, para fazer o primeiro tento.
Quando se esperava uma reacção do Estoril para repôr a igualdade, foi a equipa de Manuel Machado que continuou (muito) mais perigosa no contra-ataque, quase sempre através da velocidade de Salvador Agra, que muitos problemas criou aos centrais do Estoril. A velha máxima de “quem não marca sofre” está (quase) sempre certa e assim foi esta tarde na Amoreira. A partir dos 70 minutos, a equipa da casa voltou a empurrar os alvinegros para os últimos 30 metros e o golo acabaria por chegar já bem perto do fim. Léo Bonatini agradeceu o passe de Anderson Luís e disparou para o fundo da baliza. Remate indefensável para Rui Silva e mais um excelente golo do avançado brasileiro, que parece ter especial gosto para golos de fora da área.
Aceita-se o empate, dado o equilíbrio que pautou os 90 minutos. Num jogo agradável entre duas das boas equipas do nosso campeonato, podemos dizer que a saída de Bruno César é um duro golpe para as aspirações do Estoril, pois o brasileiro oferecia mais criatividade e poder de fogo à equipa de Fabiano Soares.
Ao Bola na Rede, Manuel Machado teve uma interessante comparação quando afirmou que, apesar da boa fase que atravessa (4 jogos sem perder), nunca é uma boa fase para receber os candidatos ao título. “Para equipas do nível do Nacional, defrontar um dos grandes é como atirar pedras a um avião. De vez em quando lá se acerta numa hélice ou numa asa… Mas não entregaremos o jogo de maneira nenhuma.”.
Já Fabiano Soares fez questão de realçar a grande penalidade que ficou por marcar por suposta falta sobre Dieguinho e que poderia ter ditado outro desfecho. Contudo, o brasileiro não deixou de reforçar a necessidade de a sua equipa trabalhar e melhorar a questão da finalização.
A Figura:
Zainadine – Excelente jogo do defesa-central moçambicano do Nacional. Rápido, assertivo e sempre bem posicionado. O facto de o Estoril só ter feito um golo muito se deve à sua exibição. Com qualidade para uma equipa de outro patamar.
O Fora-de-Jogo:
Meio-campo do Estoril – Teve dificuldades na ligação do jogo ofensivo da equipa e perdeu, invariavelmente, os duelos frente ao trio de médios do Nacional da Madeira.
Artigo de André Conde e Francisco Vaz de Miranda