Desde que Jorge Jesus chegou ao Sporting que os Leões têm atuado maioritariamente num sistema tático de 4x4x2. Não é desta época, contudo, que em alguns jogos, Jorge Jesus tem ensaiado esquemas alternativos à tática inicial – falo no 3x5x2 e no 3x4x3. Estes esquemas têm-se revelado bastante positivos para a equipa. Recorde-se o jogo da segunda mão contra o Atlético de Madrid em Alvalade, por exemplo, onde o Sporting se mostrou uma equipa comprometida e aguerrida em campo e, sobretudo, equilibrada entre os momentos defensivos e ofensivos.
Independentemente do sistema tático usado, o Sporting tem mostrado uma lacuna que ainda não resolveu verdadeiramente desde a saída de Adrien Silva. Falo de um médio box-to-box, um médio de “primeiro toque”, responsável pela condução de jogo, que oscile e se adapte facilmente aos momentos defensivos e ofensivos. Um jogador que “liberte” bola durante os movimentos atacantes e que “segure” o meio-campo nos períodos de maior aperto dos adversários. Adrien Silva fazia isso como ninguém e deixa, por isso, saudades aos adeptos leoninos e uma lacuna que persiste na equipa de Alvalade.
Várias alternativas têm sido testadas na equipa dos leões para a designada posição oito: Battaglia, Bruno Fernandes e, mais recentemente, Bryan Ruiz. Se quanto aos primeiros dois jogadores essa lacuna se vai preenchendo, já quanto ao costa-riquenho fica notório que atua bastante melhor na faixa esquerda do que no meio do terreno. Isso foi visível no último jogo contra o Belenenses quando, na segunda parte, Ruiz foi “deslocado” para a faixa esquerda, atuando Wendel como número seis.
Mas também este brasileiro, que o Sporting contratou no mercado de Inverno, apresenta-se como um jogador lento e que introduz pouca dinâmica ao jogo leonino. Jorge Jesus tem ainda ao seu dispor o croata Josip Misic. Mas, à semelhança de Wendel, trata-se de um jogador lento e, sobretudo, previsível.
A quantidade de passes falhados por parte de Ruiz, quando atua na posição oito, torna-o inapto para essa posição do terreno. Além disso, a sua pouca velocidade retira andamento e fluidez ofensiva aos Leões. Não estão em causa as suas qualidades técnicas e a capacidade de “pensar o jogo”. Um box-to-box tem de ser “cerebral”, é certo; mas nunca um jogador lento…
Olhando para o plantel dos leões, não vejo nenhum jogador capaz de preencher essa posição ao nível daquilo que Adrien Silva fazia na equipa. O Sporting tem, por isso, que ir com alguma urgência ao Mercado, contratar alguém que apresente as qualidades que um box-to-box deve ter.
Foto de Capa: Sporting Clube de Portugal
artigo revisto por: Ana Ferreira