Arouca 1-3 Sporting: Vencer jogos chatos também dá três pontos

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    Estes jogos são chatos. À partida, se o Sporting ganha, não faz mais do que o seu dever; se perde, chegam todas as dúvidas, todas as críticas, todos os defeitos. São chatos também pela qualidade dos praticantes. Imaginem-se num fim de semana em que um vosso amigo inglês – adepto de futebol, claro está -, vem a Portugal. Dir-lhe-iam, com um grande sorriso e todo o orgulho, “este é o meu campeonato!”, no fim de um jogo do Arouca? Claro que não. Nenhum adepto de futebol chorava se este ano descessem mais equipas do que o previsto. Mas adiante.

    Como não há situação chata que não se torne mais chata, acho que é mais ou menos isto que diz a Lei de Murphy, o já de si jogo chato com o Arouca, tornou-se mais chato devido às condições meteorológicas e ao empapamento do também usualmente chato relvado da equipa do norte. Se ainda pensarmos que Nani (e Jefferson) estavam castigados, constatamos a fiabilidade da tal lei que nos diz que tudo pode ficar sempre mais chato. Aí, e porque nestas situações o resultado é sempre o melhor juiz, Marco Silva merece que lhe louvem a perspicácia: é sempre melhor prevenir do que remediar. Foi o que fez. Mas adiante.

    O jogo começou dividido, como se esperava depois do enunciado, a proporcionar muito choque, muito salto, muitas coisas mas pouco futebol. Ainda assim, Montero colocou o guarda-redes adversário em acção num lance, Adrien ficou a milímetros de colocar as redes a balançar noutro. Pelo meio, o árbitro resolveu decidir que o Tobias não podia levar os braços para o relvado e por isso – não me ocorre outra justificação -,  marcou penalty que a equipa de Pedro Emanuel viria a converter com sucesso. Não há mesmo situação chata que não se possa tornar mais chata, pois não?

    No meio desta chatice desmedida, Marco Silva há-de ter pensado em Nani mas por pouco tempo. É que Mané, que pareceu meio perdido por uns minutos, resolveu arrancar pela esquerda, fixar o adversário, soltar na altura certa para o jogador certo que finalizou para o empate. O jogador foi Montero e apetece perguntar: quem é que “jogava bem mas não marcava”? Já é o melhor marcador da equipa, este que joga bem mas não marca. Até ao intervalo, nada mais a realçar para além da classe de William a controlar a bola, o adversário e a definir os tempos. O Adrien também não esteve nos seus piores dias, mas achei por bem colocar o ponto final a dividir as coisas que não me pareceu sensato misturá-lo com o Sir na mesma frase. Já bem chega no campo.

    O intervalo trouxe-nos uma novidade: pela primeira vez desde as 18h, passou um minuto e meio sem um jogador do Arouca cair. Para além dessa, não muitas mais. Nenhuma mexida nos onzes iniciais e poucas no jogo. Talvez Adrien se tenha soltado um pouco mais, talvez a zona de pressão do Arouca tenha subido também e, com estes dois factores interligados, talvez tenha passado a existir um pouco mais de espaço no meio. O Sporting dispôs de uma belíssima oportunidade através de um passe de cabeça de Mané para Adrien, que desperdiçou com um remate ao lado. Noutros jogos, este lance poderia custar pontos. Foi preciso novo passe de Mané, desta vez para Carrillo, que, à ponta de lança, não perdoou. Minuto 62′ e finalmente uma notícia um pouco menos chata.

    Perante este novo contexto, o Arouca reagiu como soube e encostou, por minutos, o Sporting mais atrás, mas Tobias Figueiredo, que nunca foi pior do que Maurício ou Sarr, sentenciou a partida com um excelente golo de cabeça, depois de um canto muito bem batido por Carrillo. 1-3 e a partir daqui notícias chatas só um segundo amarelo ou uma lesão. Que pena foi não poder dizê-lo ao Jonathan que, menos mau, dificilmente seria opção para o derby de dia oito. Daí até ao final, houve algum futebol que poderíamos convidar o nosso amigo inglês a ver sem que disso nos envergonhássemos. André Martins concluiu mal uma boa jogada colectiva; Tanaka falhou por muito pouco mais um golo; o Sporting venceu e conquistou, pela sexta vez consecutiva no campeonato, os três pontos. Para a semana, chatos ou não, que continuemos a somá-los!

    A Figura

    William Carvalho – Parece-me que, como no ano passado, daqui em diante vou passar a dedicar sempre este pequeno lugar de homenagem ao trinco leonino. Cabeça no ar com bola no pé, cabeça no lugar sem ela. Qualidade, visão. Já tinha saudades tuas, pá!

    O Fora de Jogo

    Arouca – Acho que a equipa de Pedro Emanuel pediu mais vezes assistência nos primeiros 45′ (aqueles onde o resultado lhes era favorável, portanto) do que uma qualquer equipa da Premier League na temporada inteira. E isto basta para a eleição.

    Foto de capa: FPF

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    Adepto das palavras e apreciador de bom Futebol, o João deixou os relvados, sintéticos e pelados do país com uma certeza: o futebol joga-se com os pés mas ganham os mais inteligentes.                                                                                                                                                 O João não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.