A cada noticia de corrupção, ou alegadas influências em determinados jogos, dá até ânsias em ver os comentadores afectos ao futebol, falar do mesmo. Ouvem-se frases, bonitas ao ouvido, de que o futebol é arte, o futebol é a bola a rolar, os protagonistas são os que entram em campo, e quase que se houve ao fundo uma banda sonora de violinos, como que a dizer que, ao se falar dos “podres” do desporto só lhe estamos a fazer mal. Mas que raio, será que estou completamente alheado da realidade ou quem faz mal ao futebol é quem traz para o mesmo esses esquemas obscuros? E se o trouxeram, terão que ser denunciados, ou não? Se calhar não, porque ao que parece o futebol vive uma realidade totalmente à parte de todas as outras, e regido por leis e benesses que nenhuma outra área contempla.
Mas mesmo assim sempre aparecem os românticos (quando lhes convém) dizendo que se devia falar apenas de bola dentro de linhas, dar ênfase aos protagonistas, jogadores e treinadores. E a verdade é que devia ser mesmo assim, se os melhores ganhassem. Se os protagonistas fossem mesmo os jogadores. Isto mais parece aquela conversa do “Olha ali uma gaivota morta a voar”, tirando o foco do que realmente interessa.
“Deixem as autoridades trabalhar”. Mas acham mesmo que se não houver pressão da sociedade civil para que isto seja investigado a fundo, isto não cai esquecido na gaveta de um gabinete qualquer? E mesmo assim vamos ver se não será isso mesmo que vai acontecer. Não pode é ser uma gaveta, que pelo tamanho da coisa mais vale encher um armazém e deitar-lhe fogo.
No meio de todas estas frases feitas, numa coisa têm razão, devemos falar dos protagonistas, os que ganham jogos, e pelo que se percebe é desses mesmos que se tem falado. E percebendo nós como se ganham jogos em Portugal, e onde, só temos mesmo que falar deles, e relembrar que esses são protagonistas e não o deveriam ser. Teremos que continuar a denunciar até que desapareçam e nós possamos então dedicar tempo e atenção aos que deviam ser os reais protagonistas.
“Joguem à bola”, “Corram mais que os outros”. De que serve? Por vezes nem nos deixam correr, tendo total liberdade para nos derrubar e cortar todas as nossas jogadas sem serem sancionados.