“Tens dezoito anos e nunca viste o Sporting ser campeão”. “Sabes qual é a diferença entre o teu clube e um livro? É que o livro tem um título!”. “Aproveita que ainda vais a tempo de mudar!”. Estão a ver aquelas piadas sem piada absolutamente nenhuma que nos dizem só por sermos do Sporting? Aquelas piadas realmente parvas e sem nexo nenhum? Não é isso que me faz “deixar de ser do Sporting”. De todo. Nem pouco mais ou menos.
A questão é que, quer queiramos quer não, o nosso clube gosta de nos ver sofrer. É verdade! Ainda há tempos, o míster (entenda-se, o JJ) disse: “O Sporting deveria ser um caso de estudo. Não ganha um campeonato há mais de dez anos e continua a encher estádios pelo país”. E, subscrevendo as palavras aqui do míster, deixo o desafio a algum sociólogo ou a algum estudante de Sociologia. Por muito que nos custe, é desilusão atrás de desilusão. Nem vou falar do passado, da final perdida em casa frente ao CSKA ou na outra final perdida frente à Académica. Só esta época, por exemplo, já deixei de ser do Sporting para aí uma boa meia dúzia de vezes.
Comecemos então a elencar. O ano não começou lá muito bem (que excelente maneira de começar a “época do título”!): o empate com o Steaua de Bucareste em casa (0-0) ainda me está preso na garganta. Vá lá, fomos à segunda mão e demos cinco. Menos mal!
Depois, foi no final do mês de setembro. No dia 23, o Sporting foi empatar a Moreira de Cónegos com o, na altura, último classificado. Estão a ver aqueles empates mesmo “à Sporting” que matam as esperanças pelo título? Começaram aí.
Dois meses passados, e mais uma desilusão. Estádio de Alvalade bem composto para ver um miserável empate a duas bolas frente ao Braga (diga-se, de sua verdade, os deuses estiveram connosco: jogámos mal, houve um golo mal anulado aos bracarenses e o tento da igualdade veio já aos noventa numa grande penalidade cobrada por Bruno Fernandes).
Entretanto veio o mês de janeiro e, bem, todos vocês sabem o que acontece ao nosso clube a partir do primeiro mês do ano, não sabem? Para juntar à festa, 2018 começou com uma pequenina particularidade: dérbi na Luz – e que bela forma de começar o ano! Foi um dos nossos poucos dias de sorte. O Gelson marcou de cabeça e, a partir daí, levámos um completo banho de bola. Não foi um massacre como eles tanto papaguearam (massacre é, por exemplo, levar cinco na casa do colosso Basileia, mas pronto, isso são já outras águas). Houve bolas nos ferros na baliza do São Patrício. Houve jogadas que enterraram por completo o Battaglia e o William. O Acuña fez dos seus piores jogos e o Gelson morreu fisicamente. O Bas Dost não ganhou bolas no ar, enfim, correu tudo mal e bem ao mesmo tempo. Até podia ter sido o nosso dia da lotaria, só não o foi porque o Jonas quis fazer o querido favor de empatar o jogo já ao cair do pano.