Como em todos os anos, com o final do campeonato vêm os sacos de compras e os milhões estrangeiros para serem gastos. Este ano começa em grande com os avolumados valores da venda de Renato Sanches para o Bayern, que deixou muitos dos meus colegas sportinguistas a arder em raiva e outros tantos benfiquistas inchados de orgulho porque venderam o novo melhor jogador do mundo.
Pessoalmente eu fiquei contente com a venda e com os valores negociados por uma razão principal. À parte a rivalidade entre clubes, gostaria de ver uma liga portuguesa competitiva, valorizada e respeitada, e por isso não consigo compreender as razões para tanta indignação leonina, quando foi para isso que esta venda contribuiu. É infrutífero compararmos jogadores diferentes e o seu valor porque esse mesmo valor é algo intangível. Aquilo que nós definimos como o valor de um jogador é apenas uma percepção que varia aos olhos de cada um de nós.
Pessoalmente eu acho que os adeptos benfiquistas ficaram demasiado deslumbrados com a qualidade de Renato Sanches, e que fazem dele um melhor jogador do que o que ele é na realidade, apesar de reconhecer que é um jogador útil numa equipa. Compreendo também que foi um dos grandes responsáveis pela mudança de mentalidade da equipa em campo, porque, numa altura em que ninguém sabia o que fazer à bola, apareceu o miúdo e começou a levá-la para a frente. Isto para dizer que, na minha opinião pessoal, o acho um bom jogador, com potencial e útil numa equipa, mas não o considero o craque que muitos querem fazer parecer que é.
Se vale os 35 milhões mais todos os milhões extra que pode vir a valer? E porque não? E como ele valem muitos outros na liga portuguesa, porque o importante é o que se passa na mesa das negociações, uma cadeira que raramente foi bem ocupada pelos dirigentes leoninos que nunca souberam estar sentados em posição de força, e que felizmente também é uma das coisas que Bruno de Carvalho está a mudar no Sporting. Porque, caros sportinguistas, principalmente os que ficaram aziados com a venda do miúdo, não nos podemos esquecer de que em tempos o Daniel Carriço, promissor defesa central formado no Sporting, na altura já como capitão da equipa principal, foi vendido por cerca de 700 mil euros. Quando essa era a capacidade negocial do Sporting (mais um dos grandes trabalhos da direcção Godinho Lopes) não nos podemos indignar com o facto de outros clubes, mesmo que sejam rivais, terem melhores capacidades de negociação, principalmente porque esta venda também é boa para o poder de negociação do Sporting e de todos os outros clubes portugueses.