Mais de um século de histórias p’ra contar

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    Esta foi há 50 anos.

    Foi no dia 15 de maio de 1964, com um canto directo apontado por João Morais, que o Sporting Clube de Portugal conquistava a Taça dos Vencedores das Taças.  Nessa tarde, em Antuérpia, os leões cumpriam o sonho de José de Alvalade, fundador do clube, que queria o seu Sporting «um grande clube, tão grande como os maiores da Europa».

    Mas esta história começava meses antes, no fim do verão de 1963 e prolongou-se durante meses, com goleadas que ainda hoje recordadas, reviravoltas épicas e eliminatórias resolvidas após jogo de desempate. Entre as “vítimas” deixadas no caminho para a final, encontravam-se Atalanta, o Apoel, o Manchester United e o Lyon.

    Os leões tiveram um caminho árduo até à final. Tudo começou com uma derrota por 2-0 fora com o Atalanta. Anulada com uma vitória por 3-1 em Alvalade, pois nesses tempos, os golos fora ainda não contavam para o desempate nas competições europeias.

    Na eliminatória seguinte, contra os cipriotas do Apoel Nicósia, o Sporting entrou a todo o gás, aos 20 minutos já vencia por 3-0. Andreou ainda reduziu para os forasteiros, mas os leões voltaram à carga e ao intervalo já venciam por 6-1.

    No segundo tempo, o Leão devorou o Apoel. Pérides reabriu a contagem aos 48´, os golos foram-se sucedendo e o resultado final ficou num inimaginável 16-1, com seis golos de Osvaldo Silva. O Sporting conseguia o (até aos dias de hoje) recorde de goleada nas competições europeias (e dificilmente alguma vez será batido).

    Seguiu-se o tão antecipado confronto com o Man. United. Em Old Trafford, o Sporting foi banalizado pelos red devils que contavam com uma equipa de estrelas (Nobby Stiles, Bobby Charlton, Denis Law e a jovem promessa George Best). O 4-1 final deixava os de Lisboa praticamente de fora da competição.

    Poucos adeptos acreditavam na reviravolta, mas alguns adeptos defendiam que o milagre era possível. Milagre ou não, a verdade é que na noite da segunda mão, os Ingleses encontraram um Sporting de dimensão superior e foram esmagados com um esclarecedor 5-0, com mais três golos do genial Osvaldo Silva.

    Seguiu-se o Olympique Lyon, com um empate a zero no Estádio Gerland. Duas semanas depois, em Lisboa, novo empate, agora a uma bola, obrigava a novo jogo de desempate, disputado em Madrid, onde um golo solitário do inevitável Osvaldo Silva, garantiu a primeira presença dos leões numa final europeia.

    Depois de tantas cambalhotas, a chegada a final fazia sonhar todo e qualquer adepto. Mas nessa tarde no Heysel, em Bruxelas, os leões foram surpreendidos pelo golo de Sándor logo aos 19´, só reagindo perto do intervalo, empatando por Mascarenhas, aos 40′. A abrir a segunda parte, Figueiredo incendiou as esperanças leoninas, fazendo o 2-1. Contudo, Kuti marcaria dois golos em 2 minutos a apenas 20 do apito final, virando novamente o resultado. Restou ao Sporting um último esforço, com Figueiredo a empatar o jogo aos 82′ e a obrigar a final a resolver-se num segundo jogo, que a UEFA marcou para o Estádio Bosuil em Antuérpia, dois dias mais tarde.

    As peripécias antes do derradeiro jogo não se tinham cingido apenas às eliminatórias e aos jogos de desempate. Dias antes da final, o Sporting perdia Hilário, por lesão num jogo contra o Setúbal. João Morais era chamado para o seu lugar, sem antes deixar uma “boquinha” ao treinador Anselmo Fernandez: “Com que então, agora, o arquitecto já precisa de mim?”.

    Na véspera da final, Morais pediu autorização ao treinador para, no dia a seguir, marcar um canto directo, Fernandez não queria. A discussão durou horas, mas Fernandez lá cedeu e Morais teve direito a marcar um (e apenas um) pontapé de canto da forma que queria, os outros deveriam ser batidos tensos ao primeiro posto, conforme a equipa treinava diariamente.

    Aos 19 minutos a oportunidade chegou. Figueiredo foi para perto do guarda-redes adversário, para servir como ponto de referência, com ordens para não fazer falta. João Morais convenceu a bola e o resto é história. Ou se preferirem, a mais bela página desta história. Sporting, tu nunca vais acabar.

    O regresso dos heróis a Lisboa  Fonte: "A Norte de Alvalade"
    O regresso dos heróis a Lisboa
    Fonte: “A Norte de Alvalade”

    História completa (vale a pena ver):

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    Jorge Oliveira
    Jorge Oliveira
    O Jorge é uma espécie de "enviado especial" do Bola na Rede. A viver em Londres, acompanha religiosamente a Liga Inglesa e sofre de longe pelo seu Sporting. A distância não esmorece, porém, a paixão pela bela da bifana, pela imperial gelada, pela queijadinha de Sintra e por tudo o resto que é sinónimo de bola e de Portugal.                                                                                                                                                 O Jorge não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.