Estamos na reta final do campeonato, a uma semana do fim do mesmo. A esta hora, ainda não sabemos quem será o campeão, havendo apenas duas hipóteses: Sporting ou Benfica.
Este foi o meu primeiro ano com lugar cativo em Alvalade. E que melhor ano poderia eu ter escolhido, após o último título em 2002? Nenhum. Esta temporada está a ser a melhor dos “leões” desde aquela em que João Pinto e Mário Jardel deliciaram o país e trouxeram o último campeonato nacional para o clube. Atualmente, dá gosto ir a Alvalade, ver os jogos do Sporting Clube de Portugal. Conseguimos ir para o estádio com uma confiança inabalável na equipa, o que era raro na última década.
Antes, quando o FC Porto recebia o Beira Mar, a União de Leiria ou equipas semelhantes, a única expetativa era a de saber qual seria a diferença de golos, porque a equipa da casa venceria sempre. Neste final de época, é isso que sinto em relação ao Sporting. Era este o meu pensamento, por exemplo, antes das últimas receções a União da Madeira e Vitória de Setúbal.
A equipa tem jogado bem ao longo de toda a época, mas tem estado especialmente competente neste último terço. É frequente vermos o Sporting a atacar, com seis ou sete jogadores envolvidos na manobra ofensiva, sempre em constantes trocas posicionais e com muita dinâmica. Por outro lado, é raro ver oportunidades claras de golo dos adversários. Mesmo nos últimos jogos em que tiveram resultados negativos (empate em Guimarães e derrota na receção ao Benfica), ambos tiveram apenas uma ocasião digna de registo. A questão diferenciadora dessas duas partidas para as mais recentes foi a eficácia.
O Sporting não marcou golos, nem a Miguel Silva, nem a Ederson, e sofreu o golo nessa única ocasião dos benfiquistas. Perdeu a liderança após essas jornadas e, até agora, ainda não a recuperou. Daí Jorge Jesus ter dito, após o jogo de ontem, que o futebol foi cruel com os “verdes e brancos”. Subscrevo inteiramente.
Ainda assim, a conclusão que retiro deste meu primeiro ano com lugar cativo em Alvalade já é bastante positiva. Apenas será 100% positiva se voltar lá na próxima semana para festejar o título. O ritual iniciado na receção ao FC Porto, com a entrada das equipas ao som de “O Mundo Sabe Que”, e que permite logo aquecer as gargantas para os noventa minutos que se seguem, foi uma das melhores ideias que vi no Sporting, desde sempre. É um ritual diferente, que faz lembrar os ambientes arrepiantes de Anfield Road ou do Signal Iduna Park, em Dortmund.
Se o público de Alvalade já estava a ser uma força brutal para toda a equipa, mais ficou a sê-lo depois da introdução desta novidade. O Sporting nunca andará sozinho, pois estes adeptos farão tudo o que puderem pelo seu clube.
Os adeptos não têm ficado em casa. Temos a melhor média de assistências deste novo estádio, e isso deve-se ao presidente, que tem sido absolutamente incansável na defesa da equipa, ao treinador, que trouxe uma filosofia de jogo que tem apaixonado os sportinguistas e torna a equipa leonina naquela que melhor futebol joga na Liga, e aos jogadores, que têm formado um grupo coeso e com muita qualidade.