O Outro Lado do Limpinho Limpinho

    sporting cp cabeçalho 2

    Eu sei que o dérbi já foi há uns dias, mas ainda não tive oportunidade de dizer algumas coisas que queria, por isso perdoem-me aqueles que já o ultrapassaram, porque a mim ainda me custa digeri-lo. Talvez seja o melão que está estragado.

    Não é propriamente a derrota que me custa digerir, nem a estratégia de “equipa pequena”, porque curiosamente sou da mesma opinião de que o Jesus nesse campo. Mas como durante a época inteira, pelo menos todas as segundas partes de cada jogo, o Sporting joga contra uma muralha defensiva, também não é nada de novo. Se bem que também concordo com o Rui Vitória quando respondeu relativamente à época anterior. Na verdade, a mim o que faz mais confusão é a incoerência dos benfiquistas, que ora dizem que Jesus era um génio (quando era o treinador do seu clube) ora dizem que deixou de o ser, ora o Rui Vitória era uma besta, ora deixou de o ser, ora o Benfica não vai ser campeão, ora já vai ser, ora o Mitroglou era um cepo, ora já é o Mitrogolo, e, principalmente, a hipocrisia que existe no choradinho com os árbitros quando são “roubados”.

    É estranho, um sportinguista a falar do choradinho do Benfica em relação aos árbitros, não é? Os queixinhas dos sportinguistas. A questão é que, nisso, o Sporting mantém-se coerente ao longo da época, porque tem factos para apresentar de situações mais do que reais em que foi bem prejudicado por más decisões dos árbitros. E aqui não estou a dizer que nunca foi beneficiado, porque há alguns erros de arbitragem que foram claramente favoráveis ao Sporting. Erros são naturais e humanos, mas o problema está no equilíbrio da balança, porque muito rapidamente consigo identificar erros gravíssimos que facilmente caíam no esquecimento, não fossem claro os queixinhas dos sportinguistas.

    Gostem dele ou não, Bruno Carvalho levantou o Sporting e não deixa que o pisem Fonte: Sporting CP
    Gostem dele ou não, Bruno Carvalho levantou o Sporting e não deixa que o pisem
    Fonte: Sporting CP

    Mas, antes de me alongar, queria apenas dar finalmente as boas vindas ao treinador Jorge Jesus, autor da célebre expressão “limpinho limpinho”, dita obviamente quando estava do lado limpo do campeonato. Bem vindo, mister, isto é o Sporting, o outro lado do limpinho, onde tem de correr duas vezes mais e suar duas vezes mais. É irónico ver como, desde que chegou ao Sporting, Jorge Jesus até já viu a sua expressão virar-se contra ele, ou ninguém se lembra da azia do Presidente do Braga quando perdeu 3-2 para o campeonato, indignado por um penálti que existiu – sim, eu sei que todos os benfiquistas dizem que é claramente fora – e a explicar que a vitória por 4-3 para a Taça foi “limpinho, limpinho”. Presidente António Salvador, limpinho, limpinho? Ou foi apenas pelo gosto de usar a expressão, ou então só pode ter falado a quente, porque só nesse jogo por duas vezes anularam mal o quarto golo ao Sporting. Um ao Slimani, que toda a gente viu e as televisões mostraram repetidamente, e um ao William Carvalho, mesmo a terminar o jogo, de que só os mais atentos lembrar-se-ão. Esse foi anulado por falta porque, ao que parece, se dois jogadores do Braga chocarem é falta contra o Sporting. Está na lei, ao lado daquela que diz que é permitido dar vouchers.

    E toda esta conversa de queixinhas em quê é que tem a ver com o dérbi? Aqui não vou criticar a estratégia adoptada, porque é a arte da guerra, opções estratégicas para levar os três pontos, apesar de achar que revelou muito pouca glória para um clube que alega ser o glorioso. Também não foi o árbitro que falhou as oportunidades de golo que existiram, e por isso não vou dizer que o Sporting não marcou por causa do árbitro. Mas é inegável que, mais uma vez, houve um penálti claríssimo sobre o Adrien, em que Artur Soares Dias deu numa de Carlos Xistra e não marcou porque não quis, porque estava perfeitamente enquadrado com o lance, e houve ainda um outro sobre o Slimani, que também passou despercebido.

    - Advertisement -

    Subscreve!

    Artigos Populares

    António Ramos
    António Ramoshttp://www.bolanarede.pt
    Em criança, viu a avó oferecer uma carteira do Sporting a um primo, e disse que também queria uma. "Mas tu não és do Sporting" respondeu-lhe a avó. Sou sim! contrariou o miúdo. E aí foi criado um pacto, Sporting, até que a morte nos separe.                                                                                                                                                 O António não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.