Foi com curiosidade que assisti, na última semana, à partida do Sporting com o Oleiros, a contar para a Taça de Portugal. Não só por ser um encontro “de” taça (onde o dito grande vai literalmente à casa do “pequeno”, sendo sempre grande motivo de entusiasmo e alegria para as comunidades locais, coisa que não acontece por outros lados, vá-se lá saber porquê), não só por ser, vá, o meu clube a jogar à bola, mas também pela curiosidade em saber como se iriam comportar A, B e C que não têm sido opção principal na equipa.
E sim, Gelson Dala estava nesse lote de expetativa. Estava nesse lote, não só propriamente pela qualidade que tem apresentado na equipa B, mas muito também pela expetativa que o angolano tem no seu país. Um menino chamado Jacinto nascido em Luanda há vinte e um anos, que vai fazendo a sua estreia na equipa principal na equipa do Sporting como muitos outros, mas com o peso de um país com vinte e oito milhões de habitantes nos seus ombros.
Pode parecer algo excessivamente dramático este relato, mas não deixa de ser uma realidade a atmosfera em torno do jovem angolano. Ainda assim, estreou-se a titular para a Taça, frente ao Oleiros (até lá só tinha feito uns míseros minutos, no final da época passada), e não se coibiu em ter a bola, mostrou objetividade com a baliza, e claro, uma capacidade técnica acima do normal. É, no entanto, ainda um menino em forma de jogador, e Portugal tem sido algo conhecido nos últimos anos por querer, de certa forma, apressar esse processo: Renato Sanches e André Silva são só alguns dos últimos exemplos.
Como último apontamento da partida do Sporting na Taça de Portugal, um exemplo correto do que deve ser um processo de crescimento de um jogador: João Palhinha. Do último ano até hoje, não só melhorou os atributos técnicos (precisão de passe), como mostra saber ocupar muito melhor os espaços no processo com bola e sem ela. As etapas de crescimento de um jogador passam por muitas e diferentes fases: nenhuma delas surge através de expetativas em demasia, agentes ou capas de jornais. Ou, pelo menos, não deveria ser assim.
Foto de Capa: Sporting Clube de Portugal