Sempre fui o irmão mais velho, o primo mais velho (a partir do momento que vim em primeiro lugar, seria impossível perder o privilégio), e por isso sempre me foram solicitadas acções difíceis de entender para criança de tão tenra idade. Por ser o mais crescido tinha que ser responsável, tinha que proteger os mais novos, e não responder às provocações destes. No fundo tinha que dar a outra face.
Muitas vezes fui castigado por algo que não tinha originado, e em algumas em que nem sequer tive influência, mas como deveria ser o responsável e mais compreensível lá me calhava a “fava”. Eu, como mais velho, tinha que aceitar, respeitar, proteger, ter acções altruístas enquanto os que vinham atrás pareciam poder fazer sempre um pouco mais que eu, sem a repreensão que mereciam. E se a recebiam nunca ficavam sozinhos. Imaginam quem lhes faziam companhia? Pois.
Olhando para os últimos tempos do dia-a-dia do Sporting, desde a equipa de futebol à direcção, passando pelos técnicos, quase parece que o clube é o “mais velho” do futebol português. É tratado como se servisse de exemplo para os outros, sobre o bem e o mal, ficando sempre com a maior responsabilidade deixando os outros mais libertos para as suas “traquinices”.
Como já todos perceberam, o presidente do Sporting recebe novos castigos quase todos os meses, e entre castigos, diminuições de penas, e absolvições não deve haver uma semana ou dia que não haja alguém a tratar de repreender e “ensinar” Bruno de Carvalho como se comportar. Será ele o “irmão mais velho” de todos os dirigentes que andam no futebol português? É que nenhum outro recebe este tipo de tratamentos mesmo quando andaram anos a “brincar” e fazer “jogos” tipo “quantos queres”, a “enviar papelinhos”, ou a praticar “Bullying” (naqueles tempos não tinha esse nome). Portanto Bruno de Carvalho, ainda que mais novo de idade, é agora tratado como “exemplo” para todos os outros.
Já Jorge Jesus teve que vir para o Sporting para poder saborear o gosto de um castigo, e até que ele se apercebesse de onde estava agora, levou mais castigos num mês que em anos de frequência de outra “escola”. É assim que se cresce. Aprendendo.