Olheiro BnR – Wout Van Aert

    Próxima estrela do futuro para as clássicas? Quem sabe… A verdade é que nesta primeira metade de temporada têm existido alguns nomes em foco, principalmente pelo trajeto que apresentaram nas clássicas até hoje e na forma com que estão ao enfrentar este princípio de temporada ainda sem chegarmos ao começo das Grandes Voltas. Entre Peter Sagan, Alejandro Valverde, Philippe Gilbert, entre outros… temos o nome de Wout Van Aert.

    Claramente não é nem está (ainda) perto do patamar de qualquer um desses nomes considerados, mas o potencial que demonstra parece fazer acreditar que teremos aqui mais um grande nome belga para as clássicas, até para um futuro bem próximo.

    Mas quem é mesmo este jovem ciclista? Bem, Wout Van Aert tem 23 anos, nasceu na Bélgica, é ciclista da Vérandas Willems-Crelan e é tricampeão nacional e mundial de cyclo-cross! É verdade, temos aqui mais um daqueles casos em que os antecedentes nesta modalidade parecem servir de mote para uma carreira no ciclismo de estrada.

    Assim que o belga anunciou que iria correr estas clássicas depois de um inverno de cyclo-cross exaustivo, muitos foram os que não acreditaram nas capacidades deste ciclista em poder surpreender após o desgaste numa modalidade um pouco diferente. Mas o facto é que não só conseguiu estar presente em algumas delas como ainda demonstrou capacidade para ser um caso sério no futuro para este tipo de provas.

    Esteve bem na Het Nieuwsblad e no GP de Denain, realizou uma excelente corrida na Strade Bianche, acabando a prova no pódio da mesma, no terceiro lugar, e esteve bem ao ataque durante os últimos quilómetros da Gent-Wevelgem, conseguindo um lugar no top’10. Após isso, conseguiu mais um bom nono lugar na Ronde Van Vlaanderen e, por fim, também se destacou no Paris-Roubaix, terminando bem à porta dos dez primeiros, ao chegar em 13.º numa das provas mais difíceis e espetaculares no mundo do ciclismo.

    Em 2017, por exemplo, ganhou o GP Pino Cerami à frente de Jean-Pierre Drucker e de Dries Devenyns, dois homens bastante experientes e com capacidade para disputar bem este tipo de corridas. Também nesse mesmo ano conseguiu vencer outras duas corridas de categoria 1.1, como a Bruge Cycling Classic, em que ficou à frente de outro talento do cross, de seu nome Van Der Poel (neto do bem conhecido Poulidor, destaque em várias Grandes Voltas, tendo inclusive vencido uma Vuelta), que até foi o último vencedor do campeonato do mundo de cyclo-cross antes de Wout ter começado a dominar a prova.

    Uma imagem que poderá repetir-se várias vezes – o levantar de braços de Wout para festejar uma vitória
    Fonte: Grand Prix Cerami

    Há mais casos em que o cyclo-cross acaba por “dar” uma “estrela” ao mundo do ciclismo, com nomes como Zdenek Stybar ou Lars Boom a terem igualmente trilhado primeiro o seu caminho nessa vertente e depois a passarem para o ciclismo de estrada. Numa era de especialização científica, acaba por ser mais complicado do que antigamente passar de uma modalidade para outra. A programação que têm numa e noutra são um pouco diferentes, principalmente em termos de impulso e carga, juntamente com as diferenças de clima e superfícies. Para além disso, as grandes clássicas, em particular, são igualmente bastante definidas pela força e resistência que é preciso ter.

    Para Wout Van Aert, a adaptação foi mais rápida do que o normal. Ele tem até sido um dos pilares, talvez o maior na atualidade, da equipa Vérandas e muito por culpa dele receberam igualmente o convite para estar, por exemplo, na Strade Bianche e com o (excelente) resultado que se pôde observar. Nessa e nas outras corridas, demonstrou uma incrível capacidade de trabalho (que provavelmente advém muito do treino de cyclo-cross) e uma demonstração de força e perseverança. É claramente um ciclista que irá querer voar ainda mais alto e não é surpresa nenhuma que tenha as maiores equipas do World Tour atrás dele.

    Por enquanto, a maior interrogação é mesmo saber por quanto tempo é que irá conseguir conciliar as duas vertentes. Para ele, o cyclo-cross é a sua grande razão para ter optado pelo ciclismo, mas parece ser mais do que normal se daqui a uns tempos o belga se dedicar por completo ao ciclismo de estrada. Até mesmo em termos monetários é bom para ele manter-se com o cross, mas a verdade é que um potencial destes em ciclismo de estrada precisa de ser potencializado a 100%.

    Van Aert tem contrato com a Vérandas até 2019, mas veremos se até antes disso não muda de ares, tendo em conta o forte interesse de alguns conjuntos. A verdade é que é possível prever que este será um ciclista de topo nas clássicas, porque tem todas as caraterísticas, físicas e mentais, para o conseguir. Resta saber como irá correr o resto da época a este jovem belga e se o futuro será tão incrível quanto o previsto. Mantenham-se atentos a Wout Van Aert e a mais um possível grande nome belga para as clássicas – e não só, quem sabe…

    Foto de Capa: Veranda’s Willems-Crelan-Charles Pro Cycling Team

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    Nuno Raimundo
    Nuno Raimundohttp://www.bolanarede.pt
    O Nuno Raimundo é um grande fã de futebol (é adepto do Sporting) e aprecia quase todas as modalidades. No ciclismo, dificilmente perde uma prova do World Tour e o seu ciclista favorito, para além do Rui Costa, é Chris Froome.                                                                                                                                                 O Nuno escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.