Top 10 – Grandes eliminatórias europeias do Milénio

    Prestes a iniciar-se a segunda mão do confronto entre FC Porto e Bayern de Munique, onde os portugueses estão em vantagem, convém lembrar que as equipas portuguesas, ao longo do actual milénio, foram inúmeras vezes capazes de se transcender e de tornar épica e triunfante uma eliminatória que muitos viram à partida como perdida.

    Com isso em mente, convido-vos a fazer uma viagem por aquelas que considero terem sido as dez mais épicas eliminatórias de clubes portugueses nas provas da UEFA desde 2000/01, não me responsabilizando, desde já, por previsíveis ataques de nostalgia…

    10.º – Newcastle United vs Sporting (1-0 e 1-4) – Quartos de Final da Taça UEFA – 2004/05

    Na épica campanha leonina na Taça UEFA 2004/05, que apenas terminou na final, em pleno Alvalade XXI, com uma derrota de má memória com o CSKA Moscovo (1-3), existiram vários momentos capazes de deixar os adeptos verde-e-brancos com um sorriso no rosto; mas, se o golo salvador de Miguel Garcia, nos descontos do prolongamento com o AZ, será sempre o mais lembrado, a verdade é que a eliminatória com o Newcastle United acabou por representar talvez o momento de maior superação leonina. Afinal, depois de perder 1-0 em Inglaterra e de estar a perder por 1-0 em casa, o Sporting foi capaz de dar a volta ao texto (leia-se eliminatória), vencendo por 4-1, com golos de Niculae, Sá Pinto, Beto e Rochemback..

     9.º FC Porto vs Lazio (4-1 e 0-0) – Meias-Finais da Taça UEFA – 2002/03

    No percurso azul-e-branco na Taça UEFA 2002/03, que terminou com a conquista da competição numa emocionante final diante dos escoceses do Celtic (3-2), tornou-se inesquecível a meia-final diante da Lazio, quando o demolidor FC Porto de José Mourinho resolveu a eliminatória com a poderosa equipa italiana logo no duelo da 1.ª mão, em casa, respondendo a um golo madrugador de Cláudio López com um vendaval de futebol ofensivo e um 4-1 materializado pelos golos de Maniche, Derlei (2) e Hélder Postiga.

     8.º Nacional vs Zenit (4-3 e 1-1) – Playoff da Liga Europa – 2009/10

    Na temporada 2009/10, o Nacional tornou-se na primeira equipa madeirense a disputar a fase de grupos da Liga Europa, isto depois de uma inesquecível eliminatória diante do Zenit. Afinal, depois de um disputadíssimo jogo na Choupana, culminado com uma magra mas saborosa vitória insular por 4-3, o Nacional viajou para São Petersburgo com a consciência das dificuldades que iria encontrar e com a maioria da crítica a prever o apuramento russo. Para a história, contudo, ficou um jogo épico do Nacional, em que o mesmo resistiu inclusivamente a um golo fantasma de Tekke, acabando por conseguir o apuramento com o empate (1-1) obtido a um minuto do fim com uma cabeçada vitoriosa de Rúben Micael.

     7.º SC Braga vs Sevilha (1-0 e 4-3) – Playoff da Liga dos Campeões – 2010/11

    A primeira participação do Sporting de Braga numa fase de grupos da Liga dos Campeões ficou marcada por uma manifestação de surpreendente superioridade arsenalista no playoff de apuramento, diante do favorito Sevilha. Afinal, depois de terem ganho por 1-0 na Pedreira, os bracarenses foram ao Sánchez Pizjuan fazer uma partida de sonho, acabando por ganhar aos andaluzes por 4-3, fruto de tento de Matheus e hat-trick de Lima.

     6.º Paris SG vs Boavista (2-1 e 0-1) – 3.ª eliminatória da Taça UEFA – 2002/03

    Depois de eliminar os israelitas do Maccabi Telavive e os cipriotas do Anorthosis Famagusta, o Boavista parecia ver a sua campanha na Taça UEFA 2002/03 condenada a terminar na eliminatória seguinte, diante do poderoso Paris Saint-Germain, clube onde pontificavam, entre outras, figuras como Ronaldinho Gaúcho ou Gabriel Heinze. O certo, contudo, é que a guerreira equipa de Jaime Pacheco conseguiu sair do Parque dos Príncipes com uma magra derrota por 2-1 e, depois, no Bessa, superou a mesma equipa gaulesa com uma grande penalidade do “pistoleiro” Elpídeo Silva. Em suma, apuramento axadrezado e um trampolim para um fantástico percurso que apenas terminaria nas meias-finais, diante do Celtic.

     5.º Benfica vs Juventus (2-1 e 0-0) – Meias-finais da Liga Europa – 2013/14

    O último obstáculo do Benfica para estar presente na sua segunda final consecutiva da Liga Europa era a poderosa Juventus: clara dominadora do futebol italiano nos últimos anos, tinha a motivação suprema de disputar a final da competição no seu próprio estádio. A verdade, contudo, é que toda a crença da “Vecchia Signora” acabou por esbarrar num personalizado Benfica, que venceu por 2-1 na Luz, e, depois, em Turim, rubricou uma exibição que mesclou capacidade de entreajuda e sacrifício (principalmente após a expulsão de Enzo Pérez) e uma excelente actuação de Jan Oblak, guarda-redes esloveno que foi fulcral no assegurar do nulo e consequente apuramento.

     4.º SC Braga vs Liverpool (1-0 e 0-0) – Oitavos de Final da Liga Europa – 2010/11

    A excelente campanha do Sporting de Braga na Liga Europa 2010/11, que apenas terminou com uma derrota na final, diante do FC Porto (0-1), teve como um dos momentos mais épicos a eliminatória diante do Liverpool, nos oitavos de final, quando os arsenalistas superaram o histórico emblema inglês com um triunfo caseiro por 1-0 (golo de penálti de Alan) e um empate (0-0) em Anfield Road, num jogo em que Artur Moraes esteve imperial na baliza minhota.

     3.º Benfica vs Liverpool (1-0 e 2-0) – Oitavos de Final da Liga dos Campeões – 2005/06

    O irregular Benfica de Ronald Koeman teve momentos capazes de dar um ataque de nervos ao mais pacato adepto encarnado, mas também teve outros que encheram a família benfiquista de orgulho, sendo talvez o exemplo mais emblemático a eliminatória europeia diante do Liverpool. Afinal, em plenos oitavos de final da “Champions”, e diante do detentor da prova, o Benfica fez duas partidas absolutamente fantásticas, vencendo na Luz por 1-0 (golo de Luisão) e repetindo o feito em Anfield Road, desta feita, por 2-0, com golaços de Simão e Miccoli.

     2.º FC Porto vs Manchester United (2-1 e 1-1) – ‘Oitavos’ da Liga dos Campeões – 2003/04

    Depois de ter conquistado a Taça UEFA em 2002/03, o FC Porto de José Mourinho haveria de vencer a Liga dos Campeões na temporada seguinte, num percurso que teve como obstáculo mais espinhoso o Manchester United de Alex Ferguson, nos oitavos de final. Foi uma eliminatória disputada ao centímetro, com os azuis-e-brancos a vencerem por 2-1 no Dragão com bis de McCarthy e, depois, em Old Trafford, a empatarem a uma bola, num jogo em que, lembre-se, o golo salvador de Costinha surgiu nos últimos instantes, e a merecer corrida desenfreada e vitoriosa do “Special One“.

     1.º Sporting vs Manchester City (1-0 e 2-3) – Oitavos de Final da Liga Europa – 2011/12

    Talvez picados pelas declarações de Edin Dzeko, que assumiu que não conhecia nenhum jogador do Sporting, os verde-e-brancos tiveram talvez a maior manifestação de superação da sua história ao ultrapassarem o poderoso Manchester City nos oitavos de final da Liga Europa 2011/12. Afinal, diante de uma equipa que haveria de ser campeã inglesa, o Sporting fez 150 minutos de sonho, vencendo por 1-0 em Alvalade (o mítico calcanhar de Xandão) e chegando mesmo ao 2-0 em Inglaterra, com tentos de Matías Fernández e Ricky van Wolfswinkel. Depois, na última meia-hora, os “citizens” ainda acordaram e chegaram mesmo ao 3-2, resultado ainda assim insuficiente para frustrar o histórico apuramento leonino.

    Foto de Capa: UEFA Champions League

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    Ricardo Figueiredo
    Ricardo Figueiredohttp://www.bolanarede.pt
    Sportinguista sofredor desde que se conhece, a verdade é que isso nunca garantiu grande facciosismo, sendo que não tem qualquer problema em criticar o seu clube quando é caso disso, às vezes até com maior afinco do que com os rivais. A principal paixão, aliás, sempre foi o futebol no seu contexto mais generalizado, acabando por ser sintomático que tenha começado a ler jornais desportivos logo que aprendeu a ler. Quanto ao ídolo de infância, esse será e corre o risco o de ser sempre o Krassimir Balakov, internacional búlgaro que lhe ofereceu a alcunha de “Bala” até hoje. Ricardo admite que ser jornalista desportivo foi um sonho de miúdo que conseguiu concretizar e o que mais o estimula na área passa pela análise de jogos e jogadores, nomeadamente os que ainda estão no futebol de formação ou naqueles campeonatos menos mediáticos e que pensa sempre que ninguém vê como o japonês, sul-coreano ou israelita..                                                                                                                                                 O Ricardo não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.