Brooklyn Nets | Não há dois sem três

    Os «super» Nets finalmente juntos! Ou melhor, um trio de all stars/MVP’s juntaram-se numa equipa. Sublinho, aliás, que é um eufemismo chamar de equipa aos Brooklyn Nets dos últimos dois jogos diante os Cleveland Cavaliers. A ratificação disto mesmo foi a oposição séria e competitiva que Cleveland ofereceu, deixando a «turma» de Nash sem armas para suster o arsenal ofensivo limitado dos Cavaliers. Não quero com isto dizer que os Cavs têm uma equipa limitada, mas se olharmos para as principais referências ofensivas de Cleveland, não auspiciamos um futuro propriamente jovial. Para além disto, sofrer uns enfáticos 272 pontos em apenas dois jogos, traduz bem em que vertente do jogo os Nets têm sentido mais dificuldades.

    ORA, COMO É QUE TAL SE JUSTIFICA?

    Em primeiro lugar, é normal que Nash sinta dificuldades em alinhar três jogadores de alta produtividade ofensiva que, por norma, não se desgastam no lado defensivo do campo. Aliás, nenhum dos três é reconhecido pelas suas valências defensivas e ter os três em simultâneo em campo é sinónimo de muitos pontos nos dois cestos do campo.

    De resto, os erros nesta área do jogo foram gritantes, desde falhas de comunicação na transição defensiva, inexatidão no deslocamento sobre o pick and roll criado por Sexton (muitas culpas para Kyrie Irving) ou simples box out mal efetuados, que proporcionavam mais lançamentos aos Cavaliers e consequentemente novas oportunidades para marcar mais pontos. Individualmente falando, o potencial defensivo de Harden existe dado à sua complexidade física, porém não chega, e Irving se insistir em defender os restantes bases da liga como defendeu Sexton (principalmente no clutch), vai continuar a proporcionar uma chuva pontos substancial para os adversários.

    Defensivamente podemos ainda acrescentar a isto que foi dito, uma tremenda falta de energia e de “raça” que tanta falta faz a estas super equipas, que se recusam a fazer “trabalho sujo”. Jeff Green e DeAndre Jordan vão tentando mas parece insuficiente, principalmente quando Jarrett Allen deixou os Nets, precisamente para ingressar nos Cavaliers, limitando rotação de Nash.

    Os 272 pontos estão justificados. Falta claramente maior entrosamento, comunicação e esforço na vertente defensiva do campo, contudo quem tem KD, Harden e Kyrie a defender, também os tem a atacar. O que faltou ofensivamente?

    Steve Nash experienciou nos Warriors um know how interessante de como gerir egos, porém o que está a viver e ainda vai enfrentar em Brooklyn não tem comparação. São três jogadores de características bem irregulares que enfrentaram no passado experiências que não beneficiam em nada a narrativa que será possível manter os três igualmente satisfeitos nas dinâmicas ofensivas da equipa. Todos querem fazer os seus números, porém seria importante manusear isso com sucesso coletivo. Ora estes últimos dois jogos foram esclarecedores da anarquia ofensiva que esta equipa (ainda) enfrenta, não obstante há espaço de manobra e tempo para evoluir.

    Em organização ofensiva, foi onde os Cavaliers mais facilidade tiveram de refutar a ofensiva prevísivel dos Nets, obrigando que o desenlace da maioria das jogadas terminasse com um lançamento contestado. Esta previsibilidade de ação será algo oleado com o tempo, não obstante sente-se alguma falta de entendimento entre o homem que tem a bola e o colega que não tem. Do trio, o que melhor trabalha sem bola é Kevin Durant, porém não chega, sendo imperativo que Harden e Kyrie melhorem respetivamente, neste aspeto minuncioso e ao mesmo tempo fundamental do jogo.  O cesto encontra-se com e sem bola, sendo muitas vezes fácil de encontrar o caminho para o mesmo sem tocar mais que uma vez na bola.

    AFINAL A TRADE FOI POSITIVA?

    Os Nets com KD e Kyrie e um banco interessante “à boleia” de LeVert, pareciam ter-se assegurado como a principal equipa no Este e uma das principais oposições às duas equipas de Los Angeles. Saíndo LeVert, Allen e Taurean Prince a rotação sofreu e os pontos passaram a ficar concentrados quase na totalidade somente em três jogadores. Em termos da melhoria do franchise e de marketing, esta trade foi explosiva e fantástica, mas em termos desportivos, esta trade deixa um pouco a desejar.

    Ora, James Harden foi mesmo a última peça do puzzle para Steve Nash que acaba de formar, de longe, o melhor trio de jogadores na NBA. O problema, contudo, é muito simples: basquetebol não se joga com 3 jogadores. Aliás, o basquetebol não se joga com 5 jogadores sequer. Esta trade implicou a chegada de Harden, porém também implicou a transferência de Allen e Prince para os Cavaliers e ainda Caris LeVert para os Pacers. Todos os três jogadores que ao saltar do banco traziam uma energia diferente e garantiam eficiência nos dois lados do campo.

    Para concluir, com este grupo de jogadores, é normal que os Nets faça muitos pontos por jogo e não me supreendia que cada um do trio terminasse a temporada com médias de 25+ pontos por jogo, contudo, também é normal que sofram imensos pontos por partida, até das equipas mais frágeis da liga. Até com os maiores craques do mundo não há milagres e o trabalho de Nash vai ter mesmo que se evidenciar para superar a concorrência, quer no Este, quer no Oeste.

    Foto de Capa: NBA

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    Diogo Silva
    Diogo Silvahttp://www.bolanarede.pt
    O Diogo lembra-se de seguir futebol religiosamente desde que nasceu, e de se apaixonar pelo basquetebol assim que começou a praticar a modalidade (prática que durou uma década). O diálogo desportivo, nas longas viagens de carro com o pai, fez o Diogo sonhar com um jornalismo apaixonado e virtuoso.