Está quase, quase lá. O FC Porto saiu de Haifa, Israel, com mais uma vitória europeia e está a um ponto de garantir a qualificação para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões. Como já antes aqui tinha escrito, o Maccabi Telavive era uma equipa com demasiadas fragilidades para suportar/aguentar o poderio europeu (sim, europeu, internamente é outra história, como sabemos) deste FC Porto de Lopetegui versão 2.0.
Mais uma exibição personalizada dos jogadores portistas num palco europeu, a demonstrar estofo e ‘ganas’ renovadas para voltar a atingir o patamar da temporada passada. Maxi e Layún, novos comboios das laterais azuis e brancas, a darem provas de toda a sua real valia. O uruguaio deixa-me já não me engana: provou-me errado, como suspeitava, e ainda bem que o fez. Já o mexicano comprova: é mesmo para comprar e é reforço sério. Um pequeno handicap – o pé esquerdo não é tão eficaz com o pé direito, mas é esse um problema para quem faz tão bem a mudança rápida de direção e tão bem se integra ofensivamente?
O meio-campo de quatro médios é já assegurada mais-valia e fonte de segurança. Dá consistência ao miolo e liberta André, que fica com licença para criar (e que bem o tem feito), desempenhando funções mais ofensivas do que aquelas a que nos habituou nas últimas épocas, ao serviço do Vitória de Guimarães. Nota para Danilo Pereira, cada vez mais um portento na zona de destruição do jogo adversário; um tampão à frente da defesa e, não sendo um prodígio de técnica, vai melhorando. Não me vou alongar sobre Rúben Neves. Já escrevi largas linhas sobre ele e não é necessário adjetivar ainda mais a maturidade evidenciada.
(Parêntesis para Evandro: tantas vezes esquecido, mostrou, mais uma vez, o quão útil pode ser. Dá fluidez, inteligência e segurança ao jogo da equipa. Um elemento cuja importância deve ser revista).
Mais à frente, na falta de Brahimi, renasce Tello. Velocidade, repentismo e golo. O que se esperava e o que se pede ao jogador emprestado pelo Barcelona. A dar seguimento à exibição de Haifa, adivinham-se dificuldades para Corona. Aboubakar, dor de cabeça constante para a defensiva adversária e cada vez mais evoluído a nível de perceção de jogo e noção tática e funções a desempenhar; e o instinto: o falhanço em Israel não belisca em nada o que tem vindo a fazer.
No somatório, está a ser criado algo importante: o hábito de vencer na Europa. Na Europa dos grandes, dos gigantes. Honra o clube e a sua tradição nos palcos milionários. Confesso que já tinha saudades deste Porto de Liga dos Campeões. E a prova de que o ano passado não foi um mero fogacho.
Segue-se o Vitória de Setúbal. Uma das boas surpresas deste campeonato, diga-se. Futebol positivo e ofensivo, bons jogadores e uma mescla interessante de juventude e experiência. Depois há seleções, por isso, não há motivo para tirar o pé do acelerador. Ainda para mais, com um jogo em atraso, é necessária almofada psicológica para não ver o Sporting demasiado distante…
Foto de Capa: FC Porto