Redigir um texto no qual se questiona se uma equipa rende mais com ou sem a presença na mesma de um futebolista pelo qual foram pagos 20 milhões de euros é, desde logo, um mau sinal. Porém, a realidade atual do FC Porto é precisamente essa: após um longo período de não utilização, nos últimos dois jogos nos quais Óliver Torres esteve em campo durante um substancial período de tempo o FC Porto não foi além de dois empates (0-0) frente ao Sporting CP e ao Moreirense FC.
Desde lá, o pequeno mago espanhol não mais foi utilizado; resultado: os azuis e brancos cresceram francamente a nível exibicional e os resultados acompanharam esse mesmo crescimento. Este trata-se de um fenómeno estranho e de difícil análise. Por um lado, Óliver é o mais criativo de todos os centrocampistas do FC Porto e essa criatividade tem feito falta, em alguns momentos, para desbloquear organizações defensivas mais “fechadas”; por outro lado, sem Óliver na equipa tem ganho preponderância um super-Sérgio Oliveira que, não sendo tão criativo quanto o espanhol, é igualmente competente na tomada de decisão e traz à equipa um maior equilíbrio pela sua agressividade na transição defensiva.
A questão que se coloca é: como solucionar este dilema? Sérgio Conceição não tem sido muito competente na gestão de Óliver Torres. O espanhol ora faz partes das escolhas para o onze inicial, ora não é utilizado, o que em nada abona a favor da sua motivação. Óliver é um génio, tecnicamente o melhor médio da Liga Portuguesa, mas não consegue impor-se por razões que apenas o treinador poderá (e deverá) explicar. Nos dois últimos jogos, frente a SC Braga e Sporting CP, o FC Porto jogou bem e venceu (sem Óliver), mas estes tratam-se de opositores que não limitam o seu jogo ao momento defensivo. É nesses contextos, nos quais a criatividade escasseia (estando centrada, quase exclusivamente, em Brahimi), que o espanhol pode ser mais importante no jogar dos dragões, ajudando a encontrar espaços onde, aparentemente, estes não existem.
No momento em que a âncora defensiva do FC Porto, Danilo, se encontra ausente da equipa são necessárias soluções de equilíbrio para o meio-campo dos azuis e brancos. Nesse contexto, Óliver Torres poderá passar por um novo período de “apagão”. Contudo, este jamais deverá ser esquecido porque: 1) tem talento para dar e vender; e 2) constitui um avultado investimento do clube do qual se espera que, no futuro, venha a haver retorno. Tem a palavra Sérgio Conceição…
Foto de Capa: Facebook de Óliver Torres