O jejum terminou

    rugir do leao duarte

    A caminhada rumo ao Jamor começou, para mim, dentro de uma ambulância, por mais estranho que possa parecer. Deitado numa maca, eis que, e na altura confesso que tal notícia me deixou um bocadinho pior, o enfermeiro do INEM me disse: “Ah, muito bem, este é lagarto”, ao qual eu respondi: “Sou sim Sr., e com muito orgulho”. O enfermeiro, com alguns risos pelo meio, voltou a ripostar: “Não tenho boas noticias para te dar: o teu Sporting vai jogar ao Dragão para a taça”. Naquele momento, como disse, não acreditei que fosse possível eliminarmos o Porto em pleno estádio do Dragão, sobretudo devido a todas as condicionantes que lhe estão anexadas, mas, e como é apanágio dos sportinguistas, o sonho começava ali!

    Futebol Clube do Porto; Espinho; Vizela; Famalicão; Nacional e ainda, claro, o Braga, na final de ontem no Jamor; foram estes os adversários, uns mais fáceis do que outros, que o Sporting teve de ultrapassar para levar a Taça de Portugal para Alvalade. Numa época nem sempre bem conseguida (haverá tempo suficiente para se fazer o rescaldo), a conquista da prova rainha veio pôr fim a um jejum de 7 anos sem conquistar qualquer título.

    Tive a honra e o prazer de poder estar presente nas ultimas 5 finais em que o Sporting participou e  todas elas foram especiais, contudo, e fruto das circunstancias, o jogo de ontem foi único. Assisti ao jogo, por mais estranho e incompreensível que possa parecer, junto aos adeptos do Braga; ao intervalo, quando o resultado era favorável à equipa do Minho por 2 golos, e com a ajuda de um desastrado Marco Ferreira (ficou por assinalar, pelo menos, uma expulsão e uma grande penalidade a favor do Sporting), faziam a festa. Alguns adeptos do Sporting iam abandonando vergonhosamente o estádio, contudo, o melhor estava guardado para o fim! Primeiro Slimani, e depois Montero, colocaram o estádio do Jamor, completamente cheio, ao rubro, ou pelo menos parte dele. De resto, e com toda a justiça, o Sporting Clube de Portugal acabaria mesmo por conquistar a Taça de Portugal nos penaltis.

    Foram 7 anos sem conquistar qualquer título, o, que, para um clube com a história e o prestigio do Sporting, é demasiado tempo. Talvez por isso, quando o árbitro deu o jogo por terminado, tenha havido inúmeros adeptos, eu inclusive, que não conseguiram conter as lágrimas; sim, um leão também chora, neste caso, de felicidade.

    O estádio José de Alvalade estava a rebentar pelas costuras para receber a equipa após a conquista da Taça de Portugal Fonte: Facebook oficial do Sporting Clube de Portugal
    O estádio José de Alvalade estava a rebentar pelas costuras para receber a equipa
    Fonte: Facebook oficial do Sporting Clube de Portugal

    A festa continuou civilizadamente noite dentro, embora alguns, talvez por vergonha dos festejos do seu próprio clube, queiram tentar passar outra mensagem. Com o relvado de Alvalade completamente a rebentar pelas costuras, o, que, diga-se, parece-me completamente normal e, mais uma vez, civilizado, a nação leonina voltou a poder festejar um título.

    Tudo começou, no meu caso, dentro de uma ambulância, e viria a terminar lavado em lágrimas em pleno Jamor. Um grande obrigado a todos os que tornaram esta conquista possível, sejam eles presidente, treinador, jogadores e, como não poderia deixar de ser, adeptos.

    Resta agora desfrutar de todo este momento e, posteriormente, com mais calma, fazer o balanco da temporada 2014/2015 e preparar a próxima época. Dia 9 de Agosto, frente ao Benfica, seja onde for, lá estarei para apoiar o meu grande amor, o Sporting Clube de Portugal.

    Esforço, dedicação, devoção e glória.

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