Porque não apostamos mais nos jogadores portugueses?

    Cabeçalho Futebol NacionalA questão não é pacífica. Compreendida por uns, criticada por outros, a aposta nos chamados ‘mercados alternativos’ tem sido transversal à maioria dos clubes que disputam as competições profissionais do futebol português. A exposição e valorização do jogador luso garante-lhe várias opções na hora de analisar o futuro da carreira e os clubes nacionais nem sempre conseguem competir com os ambiciosos projetos desportivos ou com os ordenados mais aliciantes oferecidos nalgumas ligas estrangeiras. As ligações privilegiadas com empresários ou investidores abastados devolveram algum poderio a certas equipas do nosso campeonato, mas também isso contribuiu para que a concorrência seja cada vez mais desequilibrada no mercado doméstico.

    Numa escolha mais arriscada do ponto de vista desportivo, mas geralmente mais barata, muitos clubes preferem complementar as suas equipas com jogadores que abandonam a terra natal em busca de uma oportunidade para se mostrarem ao futebol europeu. Os africanos e sul-americanos são os mais procurados, com o favoritismo a recair sobre os jogadores brasileiros, presentes em qualquer equipa portuguesa.

    Nas equipas insulares, sobretudo nas madeirenses, a aposta torna-se ainda mais evidente, graças não só ao maior afogo financeiro, mas também às limitações inerentes à insularidade. No mais alto escalão do futebol nacional, o CS Marítimo é um dos clubes que mais forasteiros apresenta no seu plantel. Dos 26 jogadores que seguiram para o estágio em Lousada, apenas oito são portugueses e o Brasil é mesmo o país mais representado, com 11 atletas oriundos de terras de Vera Cruz. Das restantes equipas da Primeira Liga, só Portimonense SC e Moreirense FC contam menos jogadores nacionais, ambos com sete portugueses.

    Daniel Ramos pretende um Marítimo com mais experiência de Primeira Liga, sendo Ricardo Valente uma peça importante na sua estratégia  Fonte: CS Marítimo
    Daniel Ramos pretende um Marítimo com mais experiência de Primeira Liga, sendo Ricardo Valente uma peça importante na sua estratégia
    Fonte: CS Marítimo

    A situação, porém, não é exclusiva destes emblemas, já que muitos dos primodivisionários apresentam plantéis compostos por uma maioria de estrangeiros. Apenas Vitória SC, Vitória FC, Rio Ave FC, FC Paços de Ferreira, CD Tondela e CF ‘Os Belenenses’ têm nas suas fileiras mais de 50 por cento de portugueses. Estes números, apesar de tudo, são inflacionados pela presença de jogadores oriundos das camadas jovens ou equipas B, que, em altura de pré-época são chamados aos grupos principais, sem qualquer garantia de permanência a longo prazo. É, portanto, expectável que a quantidade de jogadores nacionais se altere até ao final do período de transferências, já que muitos plantéis se encontram ainda longe da sua forma definitiva.

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    Marco António Milho
    Marco António Milhohttp://www.bolanarede.pt
    Nascido no Funchal, licenciou-se em Ciências da Comunicação, antes de passar pela redação do Diário de Notícias da Madeira. Dividido entre a rádio e a escrita, é amante incorrigível do jornalismo, do cinema, da história e do desporto em geral, onde o futebol e o basquetebol ocupam o lugar de destaque.                                                                                                                                                 O Marco escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.